Especialistas discutem mudanças na política ambiental brasileira

Publicado originalmente em Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP) por Thaís Cardoso. Para acessar, clique aqui.

A troca de governo no país trouxe alterações também na política ambiental. Embora o efeito prático dessa mudança não seja imediato em questões como desmatamento e emissões de gases de efeito estufa, a própria realização da Cúpula da Amazônia em agosto, no Pará, já pode ser considerada um reflexo positivo. Os professores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP Tércio Ambrizzi e do Instituto de Física da USP Paulo Artaxo conversaram sobre essas questões com o USP Analisa nesta semana.

Segundo Paulo, o Brasil não vai conseguir fazer progressos na área ambiental em tão pouco tempo, após um retrocesso nos últimos seis anos. Mesmo assim, o compromisso assumido com o desmatamento zero até 2030 é importante para melhorar a credibilidade internacional do país. 

“Não vai ser fácil por causa do atual modelo econômico que nós temos na região Amazônica e por causa da oposição à questão ambiental no Congresso Nacional, que não deve ser minimizada. Entretanto, a pressão da sociedade brasileira vai ser muito importante para que a gente possa atingir a meta de desmatamento zero em 2030, além de implementar políticas energéticas, por exemplo, que aproveitem o enorme potencial que nós temos de energia solar e eólica, maior do que qualquer outro país do nosso planeta. Então vamos aproveitar as nossas oportunidades”, diz ele.

Tércio destaca que, embora a meta de zerar o desmatamento até 2030 e a proibição de exploração de petróleo na região Amazônica não tenham sido incluídos no documento final da Cúpula da Amazônia, a simples realização do evento e a presença de líderes dos países que abrigam a floresta em seus territórios já é um avanço.

“A queima de combustíveis fósseis tem que diminuir se nós quisermos minimizar a crise climática que já está aí. Isso é ciência, isso já está definido. E como é que você faz isso? Diminuindo o seu uso. Então talvez a discussão não seja ter mais novos poços de petróleo, mas na verdade saber o que que nós vamos fazer com aquilo que está hoje aí, como minimizar o seu uso. Essa é uma discussão importante na qual o Brasil tem que tomar uma liderança, porque afinal nós estamos falando ali da Foz do Amazonas, tem toda uma discussão que está mais longe, que tem pareceres técnicos, mas nós temos que pensar no contexto global”, afirma o professor.

USP Analisa é quinzenal e leva ao ar pela Rádio USP nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast SpotifyApple PodcastsGoogle PodcastsDeezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.

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