Envelhecimento de mulheres do Sul e Sudeste está associado a doenças crônicas e a maior consumo de álcool e cigarro

Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.

Highlights

  • Estudo analisou a associação entre o envelhecimento e a prevalência de doenças crônicas e fatores de risco na população brasileira nos últimos 13 anos
  • Obesidade, hipertensão e diabetes estão associadas à taxa de envelhecimento de mulheres, enquanto, entre os homens, o excesso de peso e a diabetes têm maior ocorrência
  • As capitais brasileiras com maior aumento na taxa de idosos, do Sudeste e do Sul, foram as que tiveram mais ocorrência dessas doenças

Tendência constatada nos últimos anos, o rápido envelhecimento da população brasileira afeta homens e mulheres de forma diferente, o que traz uma série de desafios para o planejamento em saúde pública. Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) sugere que populações femininas com taxas de envelhecimento mais altas têm um maior risco de desenvolver hábitos como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de hipertensão, diabetes e obesidade. Esses problemas de saúde têm maior ocorrência entre as mulheres das capitais do Sul e Sudeste, com população mais idosa, segundo mostram os dados publicados nesta semana no periódico científico “Archives of Gerontology and Geriatrics Plus”.

O trabalho investigou o impacto do crescimento das taxas de envelhecimento da população brasileira nos últimos treze anos (2010-2023), analisando sua associação com desfechos negativos para homens e mulheres. Para isso, foram usados dados dos Censos Demográficos Brasileiros de 2010 e 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de hábitos e saúde de brasileiros das 26 capitais brasileiras, mais o Distrito Federal, das pesquisas de 2010 e 2023 do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco ou Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde.

Além de relacionar o envelhecimento com as taxas de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes — o que já é conhecido pela ciência –, o estudo também examinou relações entre as taxas de envelhecimento da população com fatores de risco como tabagismo e consumo excessivo de álcool. A análise também permitiu identificar diferenças entre as regiões brasileiras.

Segundo os resultados, houve um aumento significativo nas taxas de envelhecimento populacional de 2010 a 2022, também relacionado a uma maior ocorrência de problemas de saúde – e essa tendência não é uniforme entre as regiões do país. “As capitais brasileiras com o maior aumento na taxa de idosos, das regiões Sudeste e Sul, também foram aquelas que tiveram o maior aumento de doenças crônicas”, explica Samuel Dumith, da Faculdade de Medicina da Furg, autor do estudo.

Entre as mulheres, o envelhecimento parece vir associado a diversos fatores. Além de maior risco para tabagismo e consumo excessivo de álcool, as taxas de envelhecimento femininas foram associadas a uma maior ocorrência de hipertensão, diabetes e obesidade. Entre os homens, os desfechos negativos são excesso de peso e a diabetes.

Um outro aspecto interessante identificado pelo estudo foi que a população das regiões Sul e Sudeste está envelhecendo mais rápido, com uma taxa de envelhecimento muito semelhante. “Os gestores dos estados dessas duas regiões precisam se preparar mais rapidamente para enfrentar os efeitos que o envelhecimento populacional pode causar”, salienta Dumith. Isso envolve, segundo ele, planejamento de saúde, economia e seguridade social. “Serão necessários mais investimentos em mudanças no estilo de vida das pessoas, desde a infância, para que pratiquem hábitos saudáveis na vida adulta, como praticar exercícios e comer mais alimentos in natura”, finaliza.

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