Em programa digital, Bolsonaro tece desinformações e dúvidas sobre eficácia das vacinas contra Covid-19

Publicado originalmente em Coar Notícias. Para acessar, clique aqui.

Por Marta Alencar

Onde as informações foram declaradas? Flow Podcast

Mais de dois anos depois da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém o discurso negacionista contra a eficácia das vacinas. E voltou a defender o chamado “tratamento precoce” — conjunto de remédios sem eficácia comprovada cientificamente contra a Covid-19 e a criticar a comunidade científica durante participação no programa digital “Flow Podcast”. Confira os pontos desinformativos citados pelo atual chefe do Executivo Federal, que a COAR verifica e esclarece abaixo:

1 – Surto de Covid-19 na China e eficácia da Coronavac

Sim, é verdade que a China vem lidando com surto ‘explosivo’ de Covid-19. Inclusive quase 500 casos de Covid-19 foram registrados no domingo (7) no balneário de Sanya, que tem mais de 1 milhão de habitantes, na ilha de Hainan, conhecida como “Havaí chinês” conforme reportagem do G1.

No entanto, por menor que seja o número de casos de Covid-19, a China é a única das principais economias do mundo que mantém a estratégia “covid zero”, que inclui confinamentos rígidos e quarentenas prolongadas. A COAR cita essa questão da tolerância zero da China, porque o Brasil até o dia 8 de agosto, registrou 19.193 novos diagnósticos de Covid-19 em 24 horas, completando 34.034.656 casos conhecidos desde o início da pandemia. E tem medidas menos rigorosas o que a China, que apresenta número menor de casos.

Nesse ponto, Bolsonaro mente ao fazer a seguinte declaração: “O que aconteceu com a China há poucas semanas? Uma crise de Covid. Eu te pergunto: a Coravac de onde é, não é da China? Eles não tomaram a vacina? E se tomaram porque não teve eficácia?”. A COAR explica o porquê é mentirosa a declaração de Bolsonaro e sem embasamento científico.

Está claro que a Covid-19 está muito mais controlada na China, apesar do governo no país declarar que está vivendo um surto. Os casos estão sendo diagnosticados principalmente em idosos e o problema maior é em Hong Kong, onde o percentual de vacinação é baixíssimo. As próprias autoridades chinesas estão intensificando as campanhas para que idosos busquem se imunizar. Ou seja, o problema não é as vacinas e sim a falta de imunização.

A ausência de imunização está atrelada aos casos de mortes e hospitalização. A COAR acrescenta que um estudo no Brasil revelou conduzido em Londrina, no Paraná, mostrou que 75% das mortes por Covid-19 registradas nos primeiros dez meses de 2021 ocorreram em indivíduos que não foram imunizados contra a doença. Os idosos não vacinados morreram quase três vezes mais do que os imunizados. Entre pessoas com menos de 60 anos, o número de mortes de não vacinados foi 83 vezes maior do que nos imunizados. O estudo foi conduzido pela Universidade Estadual de Londrina, pela Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, pela Universidade Federal de São Carlos e pela Faculdade de Medicina Albert Einstein dos Estados Unidos.

2 – Vacina da Pfizer não tem eficácia

“Eu li o contrato da Pfizer. E lá tinha que eles não se responsabilizam com efeitos colaterais… Castraram a liberdade dos médicos. Eu não forcei ninguém a tomar vacina. Isso se chama liberdade.” – Jair Bolsonaro

A declaração acima de Bolsonaro coloca mais uma vez dúvida sobre a eficácia da Pfizer. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina da Pfizer BioNTech tem qualidade, segurança e eficácia da vacina. Além disso, a vacina da Pfizer BioNTech contra a COVID-19 tem uma eficácia de 95% contra a infeção sintomática por SARS-CoV-2.

3 – Kit precoce e cloroquina

Mais uma vez, o atual presidente nega os estudos científicos e faz falsas alegações, ao declarar na entrevista, que o interesse das pesquisas é de atender interesses econômicos da indústria farmacêutica e não de salvar vidas.

“Eu tomei cloroquina quando passei mal e no outro dia estava bom. E quando vou há um evento, pergunto as pessoas que pegaram Covid, quem tomou o medicamento, e a maioria diz que tomou, porque tem eficácia. E a comunidade científica representa em parte a indústria farmacêutica.” – Jair Bolsonaro

A COAR ressalta que com o avanço da imunização, o Brasil registrou a menor média móvel de vítimas da doença desde abril de 2020.

Além disso, as vacinas de Covid-19 salvaram quase 20 milhões de vidas em todo o mundo durante o primeiro ano em que foram lançadas, de acordo com um estudo de modelagem matemática publicado na revista Lancet no primeiro semestre deste ano. De acordo com a pesquisa, as vacinas reduziram pela metade o número potencial de mortes globais pelo coronavírus durante esse período.

 Um posicionamento da Associação Médica Brasileira (AMB) no ano passado por meio de nota, revela que a entidade condena, entre outros pontos, o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19. 

“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz o texto da AMB.

Referências da COAR

OMS

Instituto Butantan

Uol

G1

A COAR ressalta que ao receber uma mensagem duvidosa, desconfie e não forneça seus dados antes de ter certeza de que é verdadeira. Qualquer dúvida nos contate pelo WhatsAppTelegram ou pelo nosso e-mail coarnews@gmail.com ou mesmo pelo Instagram (@coarnoticias).

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