Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.
Circula nas redes sociais um vídeo que mostra a jornalista Eliane Cantanhêde, durante uma transmissão de um programa da GloboNews, da TV Globo, dizendo que “hoje é um dia triste para o Brasil porque o Bolsonaro botou milhões de pessoas na rua”. A legenda do post sugere que ela teria chorado durante a transmissão. Falta contexto. A fala da jornalista é real, mas antiga e sua voz foi alterada para parecer emocionada.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
[Eliane Cantanhêde] Chora, mas chora mesmo! Eu gostio muitio! Kkkk!!! Chora mais! E compartilhe!!
– Legenda de vídeo que circula pelas redes sociais
Falta contexto
A frase exibida na gravação, de fato, foi feita pela comentarista da GloboNews, Eliane Cantanhêde, durante o programa Em Pauta. No entanto, o vídeo foi editado e a voz da jornalista foi alterada para parecer que ela estava emocionada e chorosa — o que não aconteceu. Além disso, o trecho recortado do programa sugere que a gravação é recente, ao mostrar a jornalista dizendo que “hoje é um dia triste”, quando na verdade o programa foi transmitido em setembro de 2022. A fala original da comentarista pode ser conferida no Globoplay, na transmissão do dia 07/09/2022, disponível mediante cadastro na plataforma.
Na ocasião, Eliane Cantanhêde discutia possíveis irregularidades cometidas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos cívicos que celebravam os 200 anos da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 2022, que também era um ano eleitoral.
Durante a transmissão, a jornalista criticou Bolsonaro por utilizar a data comemorativa para promover sua campanha eleitoral. Na época, o então presidente participou de eventos em Brasília e no Rio de Janeiro, onde fez discursos inflamados.
Além disso, a comentarista também pontuou que Bolsonaro optou por comemorar o Bicentenário da Independência do Brasil em Copacabana, no Rio de Janeiro, contrariando a orientação da prefeitura do Rio e de órgãos de inteligência do governo federal, que recomendavam que a cerimônia fosse realizada na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade, como de costume. Ela também cita que o teto de gastos, regra fiscal que estabelece um limite para o crescimento das despesas públicas do governo federal, foi “implodido” durante o governo Bolsonaro.
Bolsonaro e risco de crime eleitoral
Em 7 de setembro de 2022, durante as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou o golpe militar de 1964 e liderou um coro de “imbrochável”, em uma tentativa de reforçar sua imagem diante de seus apoiadores. Especialistas apontaram que a presença do presidente em eventos oficiais para promover sua candidatura poderia configurar abuso de poder econômico e político, já que os atos contaram com cobertura estatal e recursos públicos.