Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Ananda Oliveira. Para acessar, clique aqui.
Apesar da publicação que defende a correlação entre a vacinação e uma epidemia de obesidade e diabetes (enviada via aplicativo Eu Fiscalizo, imagem abaixo), a verificação realizada pelo Nujoc Checagem não localizou dados substanciais que comprovem esta afirmação. O que é sistematicamente defendido por cientistas é o fato de que as vacinas, quando aprovadas para uso, são bastante seguras.
De acordo com material informativo da OPAS/OMS Brasil, “a maioria das reações são geralmente pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos graves de saúde são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investigados. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina”.
O único material encontrado em nossa verificação sobre a suposta relação causal entre a vacinação e o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e obesidade foi aquele produzido pelo imunologista americano J. Bart Classen e David C. Classen, que guiou a publicação denunciada por um usuário do aplicativo Eu Fiscalizo. Inclusive, Classen tem um posicionamento antivacinas.
O texto divulgado, retirado do site PR Newswire, afirma que um artigo foi publicado na edição de junho de 2017 no Journal of Endocrinology, Diabetes & Obesity por Classen, mas não há nenhum artigo neste volume da revista (veja aqui).
Em outra ocasião, Classen chegou a afirmar que “há evidências convincentes de que o aumento do autismo e distúrbios relacionados ao sistema imunológico em crianças está relacionado ao rápido aumento no número de vacinas administradas a crianças nos EUA”, segundo o que foi relatado pelo American Council on Science and Health (Conselho Americano de Ciência e Saúde).
O que se sabe até o momento é que, no caso específico da Covid-19, “a obesidade aumenta o risco de morte em quase 50% para pacientes com a Covid-19 e pode tornar futuras vacinas contra a doença menos eficazes”, conforme aponta estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, patrocinado pelo Banco Mundial. As informações são do telejornal Hora 1, da Rede Globo, exibido em 27 de agosto de 2020. Um artigo publicado na revista Nature em 20 de outubro de 2020 também caminha na mesma direção, ao afirmar as vacinas que combatem alguns outros problemas de saúde muitas vezes não funcionam tão bem em pessoas obesas.
Na revista Vaccine, no artigo publicado em 26 de agosto de 2015, Scott D. Paintera, Inna G. Ovsyannikovaa e Gregory A. Poland também discutem o peso da obesidade na resposta humana à vacinação. Para os pesquisadores, “a obesidade é um fator que aumenta a probabilidade de uma resposta imunológica pobre induzida pela vacina”.