É falso que seis ‘oncologistas renomados’ morreram no acidente aéreo da VoePass

Publicado originalmente em Agência Lupa por Gabriela Soares. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais o boato de que seis médicos oncologistas “renomados” internacionalmente faleceram no acidente aéreo da VoePass, em 9 agosto de 2024. É falso.

Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

“Os corpos de seis oncologistas renomados do mundo (…) foram encontrados na sexta-feira nos destroços de um avião que caiu do céu no Brasil”

– Trechos de texto que circula nas redes sociais

Falso

É falso que 6 oncologistas “renomados do mundo” faleceram na tragédia do avião da VoePass que caiu em Vinhedo (SP), no dia 9 agosto de 2024. O  Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou que entre as 62 pessoas que estavam a bordo da aeronave, foram identificados 4 médicos. Os nomes confirmados pelo CRM-PR são: Arianne Albuquerque Estevan Risso, José Roberto Leonel Ferreira, Mariana Comiran Belim e Sarah Sella Langer. Nenhum deles eram “oncologistas renomados do mundo”. 

Arianne Albuquerque e Mariana Comiran Belim eram residentes de oncologia do Hospital do Câncer Uopeccan, em Cascavel (PR). Apesar de ambas estarem associadas ao tratamento do câncer, não há nenhuma menção a prêmio ou participação em evento que indique que Belim e Uopeccan sejam “oncologistas renomados[as] do mundo”. Confira o currículo Lattes de cada uma aqui e aqui

José Roberto Leonel Ferreira era médico radiologista do Hospital Policlínica de Cascavel desde 1989 e professor aposentado, há três meses, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Seu currículo Lattes não apresenta pesquisa sobre oncologia. Por fim, a médica Sarah Sella Langer era pediatra especialista em alergias, membro da Câmara Técnica de Alergia e Imunologia do CRM-PR e também não estava envolvida em estudos relacionados ao tratamento do câncer

“Os oito médicos que tragicamente perderam suas vidas no acidente aéreo incluem (…) as especialistas em câncer pediátrico Sarah Stella e Silvia Osaki”

– Trechos de texto que circula nas redes sociais

Falso

É falso que as duas mulheres citadas no texto sejam especialistas em “câncer pediátrico”. Como mencionado anteriormente, 4 médicos faleceram em decorrência da queda do avião da VoePass — e não 8, como afirmado no texto. Entre eles, a pediatra Sarah Sella Langer — seu sobrenome está escrito errado no texto desinformativo: “Stella”. Silvia Osaki também é uma das 62 vítimas da tragédia, contudo ela era médica veterinária, e não pediatra. 

Sarah Sella Langer era médica pediatra especialista em alergias, conforme mostra seu registro no CRM. Ela era membro da Câmara Técnica de Alergia e Imunologia do CRM-PR e atuava como imunologista na Clínica Petit e pediatra do pronto-socorro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HOUP). Seu currículo Lattes não apresenta pesquisa sobre oncologia ou registro de que Langer tenha trabalhado nesta área.  

Silvia Cristina Osaki era médica veterinária e professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 2009, onde lecionava disciplinas como Zoonoses, Epidemiologia Veterinária, Saúde Pública e Educação para Saúde no campus Palotina. Além de ter atuado como coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e do curso de Medicina Veterinária. Ele também não participou de qualquer pesquisa relacionada à oncologia, conforme mostra seu currículo Lattes

“Os corpos de (…) dois médicos residentes [em oncologia] foram encontrados na sexta-feira nos destroços de um avião que caiu do céu no Brasil”

– Trecho de texto que circula nas redes sociais

Verdadeiro

Entre as vítimas do acidente estavam duas residentes em oncologia no Hospital do Câncer Uopeccan, em Cascavel (PR): Arianne Albuquerque e Mariana Comiran Belim. Albuquerque entrou para o programa de residência da instituição em 2021 e Mariana Belim no ano seguinte, 2022.  

residência médica funciona como uma espécie de pós-graduação que, quando encerrada, confere o título de especialista ao médico. Albuquerque e Belim não chegaram a terminar esse processo, portanto, ainda não eram especialistas em oncologia, como mostram seus respectivos registros no CRM (aqui aqui). 

Vale mencionar que esse não é o único boato do gênero que circulou nas redes. A Lupa desmentiu conteúdos que alegavam falsamente que os médicos que faleceram no acidente aéreo faziam parte de equipe de especialistas pioneiros em estudos sobre a fosfoetanolamina, a ‘pílula do câncer’ — substância sem comprovação de eficácia contra a doença.

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