É falso que presidente da Colômbia vai confiscar poupança da população

Publicado originalmente em Agência Lupa por Carol Macário. Para acessar, clique aqui.

Circula pelas redes sociais que o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, vai retirar todo o dinheiro que a população colombiana tem na poupança.  É falso. A publicação sugere que essa é uma prática comum aos governos de esquerda — o economista, filiado ao Partido Humano, foi eleito em 2022 como primeiro presidente de esquerda do país vizinho . 

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

“Governo de esquerda é uma desgraça e o povo não aprende

Petro vai retirar todo dinheiro que os colombianos têm na poupança”

– Texto em imagem que circula no WhatsApp

Falso

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, não vai retirar ou confiscar o dinheiro que a população colombiana tem guardado na poupança. Em 9 de agosto, Petro propôs um projeto para ampliar um mecanismo de financiamento chamado inversión forzosa (investimento forçado, em tradução livre), que consiste em direcionar uma parte do dinheiro que está nos bancos — incluindo o da poupança — para empréstimos de baixo custo destinados a setores produtivos como a agricultura, a indústria e a habitação do país. 

Isso não significa que o dinheiro da poupança será confiscado e, sim, que, caso o projeto seja aprovado, os recursos serão administrados pelo governo, ao invés de bancos privados, para investimento público. Esses valores, segundo a proposta, serão depois devolvidos com uma taxa de juros. O Estado pagaria os juros ao sistema financeiro, que repassaria os dividendos aos poupadores. Com isso, o dinheiro do contribuinte permaneceria seguro.

Vale pontuar que os “investimentos forçados” já são uma prática existente no país desde os anos 90. Segundo especialistas, bancos colombianos já usam fundos dos clientes, incluindo os de poupança, para investir nos chamados Títulos de Desenvolvimento Agrícola (TDAs) — e são remunerados por isso. A proposta de Petro é ampliar esse instrumento para outros setores da economia do país sul-americano.

Além disso, trata-se apenas de uma proposta em debate, e não uma determinação do governo. Ou seja, ainda passará para votação no Congresso colombiano.  A ideia, segundo o presidente colombiano, é que esses fundos sejam utilizados para promover atividades econômicas-chave para o país e possam contribuir para recuperar a economia. A ideia é alvo de críticas da oposição na Colômbia. 

Fake circulou no Brasil sem contexto

Conteúdos falsos ou descontextualizados sobre o projeto de Petro começaram a circular no Brasil, especialmente, depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou, sem o contexto correto, um post sobre o assunto. Ele compartilhou um vídeo da senadora colombiana de extrema-direita María Fernanda Cabal com críticas à proposta e escreveu que a política estaria denunciando o “confisco das poupanças” — como explicado acima, a proposta ainda está em debate e não prevê confisco. 

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