Publicado originalmente em Covid-19 DivulgAÇÃO Científica por Alessandra Ribeiro. Para acessar, clique aqui.
Intervalo de 90 dias será adotado entre a segunda e a terceira doses, e não como esquema de vacinação permanente
No Twitter, um usuário com várias postagens de conteúdos antivacinas afirma, em uma postagem, que o Reino Unido teria anunciado doses de reforço contra a COVID-19 a cada três meses. A informação está distorcida: na verdade, o país europeu anunciou que irá aplicar a terceira dose, ou dose de reforço, três meses após a segunda dose.
“Nenhum governo está preconizando sistema de vacinação repetido e perene, ou seja, sem uma data para se terminar”, assegura a docente do departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jordana Coelho dos Reis. Ela explica que o intervalo para a dose de reforço recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até seis meses após a segunda dose, podendo ser mais curto, caso haja disponibilidade de vacinas.
Segundo a professora, a comunidade científica acompanhará a duração da imunidade dos indivíduos vacinados com a terceira dose e a expectativa é que a terceira dose seja capaz de induzir a manutenção da taxa dos chamados anticorpos neutralizantes, importantes indicadores da proteção da vacinação. “Esperamos que não sejam necessárias doses repetidas e muito menos com espaços tão curtos de tempo, como de três em três meses”, prevê.
Esquema vacinal
Reis esclarece que novas fórmulas vacinais podem ser produzidas, com o objetivo de aumentar a proteção contra as variantes do coronavírus. Mas caso seja necessária uma quarta dose, ela acredita que o novo intervalo não será inferior a seis meses, ou que o reforço seja anual.
“Na história da vacinologia, demoram-se anos para podermos ver a real eficácia do intervalo entre doses, dos esquemas vacinais”, revela. Ela lembra que a resposta científica para o combate à pandemia tem sido rápida, baseada em evidências palpáveis, mas ainda recentes, sobre os intervalos das vacinas.
“A princípio, o que se preconiza para a terceira dose, predominantemente, é utilizar o que chamamos de estratégia de boost heterólogo ? tomar uma vacina diferente da primeira e da segunda doses”, orienta.
A professora da UFMG enfatiza a importância da compreensão sobre a real função das vacinas: mesmo que as pessoas vacinadas possam contrair o vírus, a tendência é que elas não desenvolvam quadros graves, assim como ocorre com outras vacinas disponíveis contra diversas doenças.
“A vacina protege contra a morte e contra os efeitos da COVID-19. Nós sabemos que pessoas infectadas pela COVID-19 branda ou grave podem desenvolver a síndrome pós-COVID, que muitas vezes são efeitos graves da doença, irreversíveis até o momento. O que a vacina faz é nos proteger dessas sequelas”, ressalta.