É falso que Forças Armadas nomearam Bolsonaro presidente do Estado-Maior

Publicado originalmente em Agência Lupa por Carol Macário. Para acessar, clique aqui.

Circula no WhatsApp que as Forças Armadas nomearam Jair Bolsonaro (PL) presidente do Estado-Maior. Com esse título, ele seguiria sendo chefe do Executivo por mais quatro anos “ou o tempo que for necessário” até que os militares empossem outra pessoa. 

A publicação é acompanhada da foto de um grupo de cinco pessoas. Bolsonaro aparece ao centro, ao lado de Michelle Bolsonaro. Ele usa uma faixa nas cores verde, branca e azul — essa mesma faixa é usada pelos dois homens posicionados à esquerda e à direita do grupo. Segundo o post, essa faixa simboliza o Estado-Maior. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

“Bolsonaro agora está usando a faixa do Estado Maior. Isso significa que as FFAA o nomearam presidente do estado maior e, quer dizer mais, que o presidente da República nesse cargo pode durar mais de 4 anos ou o tempo que for necessário, até as FFAAs empossarem outro em seu lugar, tal como aconteceu com João Figueiredo, Castelo Branco, Costa e Silva. Agora, está só esperando o momento certo para falar em rede nacional”

– Conteúdo de post que circula no WhatsApp

Falso

A informação analisada pela Lupa é falsa. As Forças Armadas não nomearam Jair Bolsonaro “presidente do Estado-Maior”. Pela lei, o chefe do Executivo em exercício já é o comandante direto dessa instituição, formada pelo Exército, Marinha e Aeronáutica. 

No Diário Oficial da União (DOU), não há nenhuma publicação recente com esse teor. Por telefone, a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa confirmou que não nomeou Bolsonaro para mais quatro anos como presidente da República. Vale pontuar que não cabe a esse órgão nomear ou determinar quem será o presidente do país. Isso é definido por eleições e, em 2022, o vencedor foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 12 de dezembro, a diplomação do petista pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) validou a escolha popular e o habilitou a tomar posse em janeiro de 2023. 

Além disso, a foto na qual Bolsonaro aparece com uma faixa nas cores verde, branca e azul é antiga. Uma busca reversa de imagens na plataforma Google Images mostra que o registro foi feito em 1º de abril de 2022. Na ocasião, o general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira assumiu o cargo de ministro da Defesa como sucessor do general Walter Souza Braga Netto, que posteriormente concorreu ao cargo de vice-presidente na chapa do atual presidente. 

A cerimônia de transmissão do cargo, embora tenha tido a presença de Bolsonaro, não teve nenhuma relação com a nomeação do presidente da República para qualquer cargo, muito menos para seguir como chefe do Executivo por mais quatro anos ou por tempo indeterminado.  

evento também foi registrado na página oficial das Forças Armadas. Outras fotos feitas no mesmo dia permitem notar que os dois generais — Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que tomou posse, e Braga Netto, que deixou o cargo — também usavam faixas idênticas.

O acessório tem as cores das Forças Armadas e, embora não esteja listada entre os principais símbolos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), é comum que militares em postos de comando e do alto escalão o usem. O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, por exemplo, aparece na foto oficial no site do ministério da Defesa usando essa faixa

Estado-Maior foi criado nos anos 1940

O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas foi instituído no Brasil em 1946 (Decreto 9.107) e é formado pela Marinha, Exército e Aeronáutica. De acordo com o Arquivo Nacional, essa instituição foi herdada a partir de acordos de cooperação militar entre Brasil e Estados Unidos ainda nos anos 1940

Entre outras funções, cabe ao EMCFA assessorar o ministro da Defesa, bem como coordenar a interoperabilidade das três forças militares e um comitê formado pelos chefes de Estados-Maiores dos Comandos Militares.

Clique aqui para ver como a Lupa faz suas checagens e acessar a política de transparência

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