É falso que entidade que denunciou desnutrição de yanomamis desviou R$ 33 milhões

Publicado originalmente em Agência Lupa por Maiquel Rosauro. Para acessar, clique aqui.

Circula pelas redes sociais um print de um texto informando que a entidade que denunciou a desnutrição de indígenas yanomamis teria desviado R$ 33 milhões. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

“ONG que denunciou desnutrição de Yanomami desviou R$ 33 milhões e tem fortes vínculos com Lula e PT”

Falso

A informação analisada pela Lupa é falsa. Não há indícios de que a entidade que denuncia a desassistência do governo de Jair Bolsonaro (PL) ao povo yanomami tenha desviado R$ 33 milhões. O texto confunde duas organizações com nomes parecidos para fazer a acusação infundada.

A postagem que circula nas redes sociais tem como origem uma matéria a qual cita a Associação URIHI YANOMAMI, inscrita no CNPJ: 03.272.540/0001-12, como autora do desvio milionário. O CNPJ citado pertence à Urihi – Saúde Yanomami, associação aberta em 13 de julho de 1999. Claudio Esteves de Oliveira aparece como presidente em seu quadro de sócios.

Em 2006, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que essa entidade, que deveria prestar assistência de saúde aos indígenas de Roraima, foi criada somente para receber recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a partir de três convênios, no valor total de R$ 33,8 milhões, entre 2000 e 2004.

Segundo matéria do jornal O Globo de 9 de março de 2008, depois das denúncias de irregularidades, a Urihi – Saúde Yanomami suspendeu o atendimento e fechou as portas. Os cofres públicos ficaram com o prejuízo.

A situação de calamidade pública enfrentada pelo povo yanomami é denunciada pela Urihi – Associação Yanomami, cuja razão social é Hwenama Associação dos Povos Yanomami de Roraima-Hapyr. A entidade está registrada sob o CNPJ 24.292.140/0001-49 desde 23 de fevereiro de 2016 e tem como presidente Junior Hekurari Yanomami, apontam as informações da Receita Federal.

Em seu perfil no Instagram, a Urihi – Associação Yanomami explicou que não possui relação com a organização fundada na década de 1990. “Nossa associação foi fundada em 2016 denominada por Hwenama Associação Yanomami. Em 2022, os diretores solicitaram a troca do nome, que passou a se chamar ‘URIHI’, que ao traduzir do Yanomami se chama ‘floresta’”, postou a entidade.

Essa informação também foi analisada por Aos Fatos.


“Idosa indígena apresentada pela organização era venezuelana”

– Texto em imagem que circula pelas redes sociais

Falso

A informação analisada pela Lupa é falsa. Não há indícios de que a mulher yanomami fotografada em estado grave de desnutrição fosse venezuelana. Ela tinha 65 anos e residia na comunidade Kataroa, em Roraima.

Sua morte foi divulgada no dia 22 de janeiro pela Urihi. A associação solicitou que a imagem não fosse mais compartilhada.

“Gostaríamos de pedir a todos que evitem a partir deste momento o compartilhamento da imagem dela, entendemos a importância de levar ao mundo a situação drástica, mas por questões culturais a sua imagem não poderá mais ser divulgada. Na cultura Yanomami, após o falecimento, não pronunciamos o nome da pessoa, queimamos todos os seus pertences, e não permitimos que fotografias permaneçam sendo divulgadas”, publicou a entidade.

Desde que a crise humanitária dos yanomamis veio à tona, tornaram-se virais nas redes sociais postagens com desinformação sobre o assunto. A Lupa desmentiu duas informações falsas sobre o tema: a de que os indígenas seriam venezuelanos e a de que uma foto registrada com crianças desnutridas teria sido registrada na Venezuela.

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