É falso que chocolate brasileiro é fabricado com látex natural

Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.

Circula pelas redes sociais um vídeo no qual um homem afirma que chocolates comercializados no Brasil estão usando látex natural em sua composição, o que pode causar risco à saúde do consumidor. Para comprovar sua tese, o homem mostra embalagens de diversas marcas de chocolates, que informam que o produto “pode conter látex natural” e outros elementos em sua composição. É falso

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

Os chocolates brasileiros, muitos deles, já estão usando látex natural na sua composição. Então nós estamos agora consumindo látex natural (….) mas vem a pergunta: Será que isso vai fazer bem para o organismo? Ou vai fazer mal? (…) A partir de agora você tá comendo borracha natural

– Trecho de vídeo que circula pelas redes sociais

Falso

Não há adição de látex natural nas receitas dos chocolates vendidos no Brasil. O aviso nas embalagens, como exibido no vídeo, é obrigatório pela legislação brasileira porque o látex natural pode causar alergia em algumas pessoas, e a substância é usada para selar as embalagens de chocolate. 

Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz que as informações das embalagens que o consumidor mostra no vídeo são advertências obrigatórias da presença de alergênicos em alimentos. “O consumidor confundiu a declaração sobre a possibilidade de presença residual do látex natural, advertida no rótulo com o objetivo de evitar reações em pessoas alérgicas, com seu uso intencional na formulação dos chocolates”, diz a nota.  

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab), declarou, em mensagem, que “as indústrias de chocolate obedecem às normas rigorosas de produção determinadas pela Anvisa” e que “o látex natural não faz parte da composição do produto”.   

Lei nº 12.849, de 2013, estabeleceu a obrigatoriedade de os fabricantes de produtos alimentícios advertirem sobre a presença de látex natural em suas embalagens. Além disso, a Resolução RDC nº 726, de 2022, da Anvisa, torna obrigatória a rotulagem dos produtos que podem ter contato por meio de suas embalagens com substâncias que causam alergias alimentares, incluindo o látex natural. 

A recomendação da agência é colocar a advertência após a lista de ingredientes, com caracteres legíveis, em caixa alta e em negrito, o que confere com as informações de rótulo mostradas no vídeo viral. 

Na 6ª edição do documento de Perguntas e Respostas sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos, de 2024, a Anvisa explica que “o látex natural ou seus derivados podem estar presentes em diversos materiais que entram em contato com o alimento” (página 34). Alguns desses materiais são luvas para manipulação, materiais utilizados na selagem, adesivos para selagem a frio, equipamentos que processam alimentos, entre outros. 

“Por exemplo, se os manipuladores de uma empresa utilizam luvas de látex para manusear os alimentos e não existem controles que garantam que essa substância não migra em níveis detectáveis para os alimentos, deve ser declarada a advertência: ALÉRGICOS: PODE CONTER LÁTEX NATURAL”, esclarece o documento formulado pela Anvisa.

Alergia ao látex não é comum, mas pode ser fatal 

A alergia ao látex natural é uma reação imunológica que ocorre quando o organismo identifica proteínas do látex, extraídas da seiva da seringueira, como uma ameaça. Essa condição pode provocar desde sintomas leves, como coceira e vermelhidão na pele, até reações graves, como choque anafilático, que pode ser fatal. Não existe cura para a alergia. Sua prevenção envolve evitar o contato com produtos que contenham látex e utilizar alternativas sintéticas.

A médica Elaine Gagete Miranda da Silva, membro do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), esclarece que a alergia ao látex não é comum na sociedade. “Na população geral, a prevalência atual é em torno de 4,3%, e entre os profissionais de saúde e as pessoas que sofrem múltiplas cirurgias essa porcentagem pode ser um pouco maior, chegando a quase 10%, por causa do aumento da exposição a materiais cirúrgicos”, explicou.

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