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Quanto mais o coronavírus circula sem o impedimento da imunização, maiores são as chances de aparecerem novas cepas.
Têm circulado nas redes sociais boatos de que as vacinas contra a Covid-19 podem estimular o aparecimento de variantes do coronavírus. “O que ocorre é exatamente o contrário”, afirma o médico Juarez Cunnha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim).
Veja: uma pessoa vacinada pode ser infectada e até ter a capacidade de transmitir o vírus. Mas, se ela entrar em contato com outros vacinados, o vírus perde a força de se replicar. “Assim, cai o risco de surgir uma nova cepa”, afirma o especialista. Daí a relevância da imunização em massa.
Por outro lado, quanto mais intensa for a circulação livre do vírus, maior é a possibilidade de termos novas variantes. “Tanto que nos países em que se tem maiores níveis de cobertura vacinal é justamente onde se observa um menor número de mutações do vírus”, completa Cunha.
Até agora, as variantes surgiram em locais onde as regras de isolamento social se afrouxaram ou foram pouco seguidas. Nosso país ficou conhecido como celeiro de novas cepas por causa da demora no início da vacinação e do elevado número de casos diários notificados ao longo da pandemia.
Não à toa, no final do ano passado foi identificada a variante Gama, que saltou de 0 a 87% de predominância no território nacional em apenas sete semanas.
A Delta, que se espalhou pelo mundo (inclusive no Brasil), surgiu na Índia, outro país com lentidão na imunização e livre circulação do vírus.
O que é uma variante?
Os vírus funcionam assim: ao infectar o corpo humano, usam as estruturas das células para fazer cópias de si mesmos. É da natureza deles sofrer erros durante o processo de replicação. Quando o vírus acumula mudanças, passa a ser chamado de variante.
Algumas delas podem conferir ao vírus mais agressividade, ou a capacidade de se multiplicar de forma mais rápida, como ocorreu com a Delta. Quanto mais o vírus consegue se replicar, maior o risco de uma variante surgir. A imunização é uma das armas para impedir essas mutações, por ajudar a conter a circulação do agente infeccioso.
Até agora, as vacinas disponíveis parecem funcionar contra as variantes de maior preocupação – embora as taxas de eficácia possam ser um pouco mais baixas. Mas, em algum momento, uma nova cepa pode escapar dos imunizantes.
Por isso, a maior parte da população precisa tomar as duas doses da vacina e continuar se protegendo: evitar aglomerações, usar máscara e se isolar se estiver com sintomas suspeitos.
As variantes classificadas como preocupantes:
Alfa: a antiga B.1.1.7, identificada no Reino Unido.
Beta: a antiga B.1.351, identificada na África do Sul.
Gama: a antiga P.1, identificada no Brasil.
Delta: a antiga B.1.617.2, identificada na Índia.