E-compós publica “O evangelho segundo as plataformas digitais: o livro do Twitter”, de Schneider e Latgé

Publicado originalmente em Perfil-I. Para acessar, clique aqui.

Estudo aponta como Termos de Uso do antigo Twitter desvelam dogmas criados pelas big tech na defesa da liberdade em detrimento da regulamentação social e da responsabilidade civil

A revista E-Compós, vinculada à Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós), publicou, na última sexta-feira (18), o estudo O evangelho segundo as plataformas digitais: o livro do Twitter, de autoria dos pesquisadores Luiz Cláudio Latgé Marco Schneider, membro e líder do Grupo de Pesquisa Perspectivas Filosóficas em Ciência da Informação (Perfil-i), respectivamente. O trabalho analisa os Termos de Uso do antigo Twitter – agora, – e desvela os dogmas criados pelas big tech na defesa da liberdade em detrimento da regulamentação social e da responsabilidade civil.


“A fé que professas será a sua lei”. É com essa frase, retirada de Gálatas, o nono livro do Novo Testamento da Bíblia, que a publicação introduz uma instigante reflexão acerca dos meandros existentes entre a desinformação, os discursos de ódio e as ameaças à democracia, em meio à ascensão das plataformas digitais, em todo o mundo, e da radicalização política. A referência àquela que, provavelmente, foi a primeira carta que o apóstolo Paulo redigiu aos cristãos tem uma razão: a pesquisa faz um mergulho nos contratos das redes sociais – inspirado no entendimento de Muniz Sodré, na obra A Sociedade Incivil: mídia, iliberalismo e finanças –, a partir da compreensão de que o modelo de negócio das plataformas digitais se funda na crença quase religiosa de que a liberdade de mercado deve ser tomada como dogma.

“Como estudo de caso, vamos analisar o que alegoricamente nomeamos o ‘evangelho segundo o Twitter‘, buscando no contrato de uso da empresa os fundamentos do posicionamento das plataformas para se pretenderem acima das leis. Da mesma forma, poderíamos falar, por analogia, respeitando suas singularidades, do Google, do Facebook, do Telegram ou do Tik Tok, que professam a mesma crença”, ressalta o estudo.

Essa análise é feita por meio de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental, que dialoga com autores contemporâneos dedicados à crítica da Economia Política da Comunicação. Ao adotar esse percurso metodológico, o trabalho analisa documentos que apresentam o modo de operar do Twitter e trabalha com a hipótese de que a empresa impõe seu modelo de negócios, venda de dados e propaganda programática acima de qualquer direito, além do contrato de uso.

“A análise dos Termos de Uso do Twitter aponta para a contrução de uma narrativa de uma quase religião, que sustenta a onipresença das empresas de tecnologia na vida hodierna. Tratamos do Twitter, mas poderíamos, da mesma forma, falar do Facebook, do Instagram ou de qualquer plataforma digital. A desinformação é tratada como liberdade de expressão; a regulamentação ou qualquer tentativa de enquadramento legal, como censura; a responsabilização, como tentativa de estabelecimento de uma ditadura, num discurso alinhado com movimentos de extrema-direita do Brasil”, destaca um dos trechos da pesquisa.

O trabalho encontra-se disponível, na íntegra e em acesso aberto, aqui.

Sobre a E-Compós

A revista trata-se de um periódico científico de Qualis A2, vinculado à Compós e disponibilizado em formato eletrônico, na modalidade de publicação contínua. Sua principal missão é difundir a produção acadêmica original e inédita de pesquisadores da Comunicação, inseridos em instituições do Brasil e do exterior, nos idiomas português, espanhol e inglês.

Sobre os autores

Luiz Cláudio Latgé é mestrando do Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense (PPGMC/UFF) e graduado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Marco Schneider é doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict); professor associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF); e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Ibict em cooperação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGCI Ibict/UFRJ) e do PPGMC/UFF.

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