Publicado originalmente em Jornal da UFRGS. Para acessar, clique aqui.
Artigo | Marcia Koja Breigeiron e Alessandra Vaccari orientam sobre aleitamento materno pleno a partir do que observaram no abrigo do Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus
* Foto: Flávio Dutra/JU
*Por: Marcia Koja Breigeiron e Alessandra Vaccari
Como enfermeira e professora da UFRGS estive no abrigo neste sábado onde várias crianças foram examinadas por mim, Marcia. Uma destas crianças, com 10 dias de vida, encontrava-se com bastante sujidade e a mãe muito ansiosa e sem conseguir amamentar, algo que estava fazendo até o início desta calamidade. Neste momento, dei uma atenção especial a essa mãe, que não tinha conseguido se alimentar nas últimas 12 horas e tinha tomado pouca quantidade de líquido. Providenciamos um banho na criança, roupas limpas e aquecimento. Também chamei uma colega, Alessandra, enfermeira e consultora em aleitamento materno, que auxiliou a mãe no retorno da amamentação.
Outra criança, de dois meses, foi encaminhada para a unidade móvel com sinais de desidratação após exame e acompanhamento de sua condição clínica ao longo do dia . Essa criança também não estava mais recebendo leite materno.
Neste domingo, retornando ao abrigo do CETE, percebe-se um considerável aumento do número de pessoas em estado de vulnerabilidade crítica que chegaram ao local e muitas crianças ainda em fase de lactação.
É importante reforçar que crianças até seis meses precisam do leite materno de forma exclusiva, o que as protege de muitas doenças e da desidratação, e muitas mães não estão conseguindo amamentar pelo estado emocional em que se encontram.
Então, se você está amamentando e está com dificuldades para seguir, o ideal é conversar com um profissional de saúde que esteja mais próximo de você. Esse profissional poderá ajudá-la de várias maneiras;
Mas, enquanto isso, aqui estão algumas dicas que poderão auxiliar:
– A primeira atitude é cuidar de você mesma, pois a pessoa que está amamentando precisa tomar bastante água e demais líquidos e comer. Para produção de leite é importante que você esteja nutrida e hidratada;
– Coloque o seu bebê para mamar várias vezes ao dia. É a sucção dele que fará a produção de leite, pois o seu corpo necessita que o leite saia para que seja produzido mais e mais leite;
– Nesse momento, pode ocorrer enrijecimento do seio (ingurgitamento mamário), que provoca dor e atrapalha a sucção do bebê. Com as mãos, sempre limpas, massageie o seu seio, e, se sentir algumas partes mais duras, como “bolinhas”, massageie para quebrar essas “bolinhas”. É importante fazer isso com delicadeza, mas realizando alguma pressão; talvez essa massagem seja dolorida, e será desconfortável, mas é preciso quebrar esse leite para que ele desça melhor e possa sair. Ainda, com as mãos limpas, após quebrar as “bolinhas”, massageie o seio no sentido aréola-tórax para liberar os ductos, e em seguida, no sentido da saída do leite, como se você estivesse ordenhando mesmo. Se o leite não sair de imediato, não desista! Faça mais vezes e o leite começará a descer. Veja na figura abaixo sobre como realizar a massagem dos seios e faça a massagem na sequência, conforme indicado:
– Para evitar dor ao amamentar e fissuras ou lesões nos seios, é importante que seu bebê esteja “pegando” corretamente. Ele deve abocanhar boa parte da auréola, e não somente o bico do seio. A boquinha deve estar bem aberta, com o lábio inferior voltado para fora e o queixo encostado na sua pele. Monitore, então, a efetividade da sucção: covinhas e barulhos não são bons sinais. Quando a pega está correta, o leite sai em quantidade suficiente, o bebê engole tranquilamente e a mãe não sente dor;
– O momento é complicado, mas sempre que você conseguir, descanse. A mãe precisa estar descansada para produzir leite;
– Evite lesões no seu seio, passe um pouco do leite materno nos bicos após a mamada para hidratação da auréola;
– Troque o sutiã quando estiver molhado e só lave a região da auréola com água, sem usar hidratantes, cremes ou outros produtos. Mantenha os seios sempre secos;
– Cuide com o que as pessoas dizem, você vai ouvir: “Seu leite é fraco”, “Ele está com fome”, “Passe logo para a mamadeira”. Não dê ouvidos, confie no seu corpo;
– Caso seu seio comece a ficar quente, muito duro e dolorido, ou caso você tenha febre, procure ajuda de um profissional da saúde imediatamente.
Siga estas dicas e você vai conseguir superar esse momento com o seu bebê mamando!