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Por Wanderson Camêlo
Postagem da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL) destaca que o desmatamento da Amazônia Legal foi maior com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que com o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). A publicação acompanha uma montagem fotográfica com os rostos do ator Leonardo DiCaprio, Emmanuel Macron (presidente da França) e Greta Thunberg (ativista ambiental sueca), que costumam criticar Bolsonaro justamente devido à questão envolvendo o desmatamento da selva amazônica.
O conteúdo foi disponibilizado nesta quinta-feira, 16, e tem como base uma matéria (que foi ao ar também hoje) publicada no blog do jornalista Cláudio Humberto. “Desmatamento com Lula foi o dobro de Bolsonaro”, diz a manchete.
“Segundo dados do INPE, a Amazônia Legal teve 72,2 mil km2 desmatados nos primeiros três anos do governo Lula. A área é mais que o dobro (exatos 112,3%) maior que os 34 mil km2 registrados no mesmo período do governo Bolsonaro”, destaca o jornalista.
Os canais que divulgaram os conteúdos são: Twitter, Facebook, Instagram. Para a investigação da COAR, a informação é imprecisa.
Nossa reportagem analisou o site do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde foi possível comprovar que, entre 2003 e 2005 (gestão de Lula, portanto), foi registrado o desmatamento de uma 72,2 mil km2 na Amazônia Legal. No ano em que que Bolsonaro começou a gestão até agora, houve a devastação de 34 mil km2 na região.
No entanto, não é possível se fazer uma comparação exata entre a taxa de desmatamento da Amazônia registrada nas duas gestões porque o sistema, sempre, mistura informações de um ano para o outro. Ou seja, quando há a mudança de governo, o levantamento acaba que abarcando duas gestões. Por exemplo: para que concluir o estudo divulgado em 2019 (quando Jair Bolsonaro, PL, assumiu a presidência da República) o instituto juntou informações coletadas ainda no governo anterior, de Michel Temer (MDB).
O Prodes leva em consideração o período de agosto a julho do ano posterior, que coincide com o calendário de seca na Amazônia Legal; a região engloba os estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia, Maranhão, Amazonas, Acre, Roraima, Tocantins e Amapá.
O alcance da publicação: A parlamentar também dissipou o mesmo conteúdo em seus perfis pessoais no Instagram, onde, em menos de um dia, já conta com mais de 2 mil comentários. No Facebook da deputada, a publicação registra até o momento 24 mil curtidas, mais de 1,6 mil comentários e 9,5 mil compartilhamentos e no Twitter: 3.807 curtidas, 53 comentários e 1.082 compartilhamentos. No YouTube um perfil compartilhou o mesmo conteúdo de Zambelli, mas não obteve sucesso em termos de visualizações (que não passaram de 20).
Com o uso da ferramenta CrowdTangle foi possível constatar que a publicação original, feita pelo jornalista Cláudio Humberto, obteve, até a noite desta quinta-feira, 37,095 interações no Facebook; 5,119 no Twitter e 93,724 no Instagram.
O conteúdo impreciso surge em meio à morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e a do jornalista britânico Dom Philips, desaparecidos desde 5 de junho na região do Vale do Javari, no Amazonas. Eles teriam sido mortos por tentarem flagrar casos de pesca ilegal na região. Nas redes sociais, muitos aproveitaram a repercussão do caso para envolver a disputa política, que se avizinha, entre Lula e Bolsonaro, comparando, inclusive, o índice de desmatamento registrado nos governos dos dois.
Para a análise, a COAR contou com reportagens jornalísticas. E ressalta que a agência de fact-checking Lupa também fez checagem parecida, a diferença é que o conteúdo verificado pelo grupo fez referência a mais dois governos: o de Dilma (PT) e o Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A COAR ressalta que ao receber uma mensagem duvidosa, desconfie e não forneça seus dados antes de ter certeza de que é verdadeira. Qualquer dúvida nos contate pelo contato ou nosso email coarnews@gmail.com ou mesmo pelo Instagram (@coarnoticias).