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Desde a sexta-feira, 25 de junho, um dos nomes que mais circula entre o cenário político brasileiro e principalmente no Senado Federal, é o do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Ele, que é líder do Governo Bolsonaro na Câmara, foi confirmado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), durante depoimento à CPI da Covid, como o nome citado pelo presidente Jair Bolsonaro, do envolvido no “rolo” das compras da vacina Covaxin.
De lá para cá, o contrato para a aquisição das vacinas indianas Covaxin começou a ser investigado com rigor e o nome do deputado Ricardo Barros se tornou alvo das atenções na CPI da Covid. Com isso, surgiu também a suspeita do crime de prevaricação por parte do presidente Jair Bolsonaro, já que o mesmo foi alertado sobre os indícios de irregularidades na compra da vacina e não agiu.
Na segunda-feira, senadores da CPI da Covid enviaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime pedindo a abertura de inquérito para investigar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de prevaricação.
Convocação para depor na CPI
Hoje, 30 de junho, a CPI aprovou a convocação do deputado Ricardo Barros para depor à Comissão, no dia 8 de julho, a respeito do contrato da Covaxin. Também serão ouvidos funcionários do Ministério da Saúde e representantes da Precisa Medicamentos, empresa que faria a intermediação com a Bharat Biotech, produtora do imunizante.
Em suas redes sociais, horas antes da aprovação, Ricardo Barros declarou:
“Espero que a CPI vote hoje meu convite, já que me coloquei à disposição desde a primeira fala de Luis Miranda. E gostaria de ir o quanto antes. Peço compreensão aos profissionais de imprensa, mas penso ser adequado esclarecer e reafirmar minhas posições na CPI”, declarou.
Emenda de Barros facilita negociação da vacina indiana
Uma emenda do próprio deputado federal Ricardo Barros ajudou na possível importação da Covaxin. A Medida Provisória (MP) permite que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceda “autorização para a importação e distribuição de quaisquer vacinas”, insumos ou medicamentos sem registro na Anvisa, desde que aprovadas pela autoridade sanitária em outros países. A emenda de Barros acrescentou a Central Drugs Standard Control Organization (CDSCO), da Índia, no rol de órgãos habilitados para dar essa autorização.
Em 29 de abril deste ano, Barros disse que queria mais agilidade da Anvisa para aprovar vacinas como a Covaxin. Porém, a fabricante Bharat Biotech teve o certificado de boas práticas negado pela agência, o que atrasou a autorização para a importação das doses compradas.
Indicado de Ricardo Barros acusado de cobrar propina é exonerado
Roberto Ferreira Dias, indicado por Ricardo Barros, foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. A medida foi tomada após as denúncias de que Dias teria pressionado para que fosse aprovada de forma célere a vacina indiana Covaxin. O ex-diretor também foi acusado por um empresário de ter pedido propina para facilitar contratos da vacina com o ministério.
Ligação com Bolsonaro e política paranaense
Natural de Maringá, no Paraná, Ricardo Barros é engenheiro civil e compõe uma família conhecida na política paranaense. Sua esposa, Maria Aparecida Borghetti, é ex-governadora do Estado do Paraná e atual conselheira da Itaipu Binacional, indicada pelo presidente Jair Bolsonaro. Cida Borghetti, como é conhecida, e Ricardo Barros, são pais da deputada estadual Maria Victoria Barros (PP).
Quem é Ricardo Barros
Em duas décadas na Câmara dos Deputados, Barros foi vice-líder e líder do governo Fernando Henrique Cardoso (entre 1999 e 2002), vice-líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2007) e, desde 2020, líder do governo Jair Bolsonaro. Ele já exerceu os cargos de prefeito de Maringá, secretário do governo do Paraná e de ministro da Saúde (no governo Michel Temer). Ele responde a um processo por irregularidades na aquisição de medicamentos pelo Ministério da Saúde durante o governo de Michel Temer.
Foto de capa: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados