Deepfake usa imagem de Pablo Marçal para promover golpe ‘Indeniza Brasil’

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) afirmando que houve um vazamento de dados no país e, por isso, o governo federal criou o programa “Indeniza Brasil” para compensar cidadãos que tiveram informações vazadas. É falso. Trata-se de um conteúdo criado por deepfake.

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa?: 

Você como cidadão brasileiro tem direito de sacar uma indenização que pode chegar em até sete mil reais. Devido a uma falha do sistema do próprio Estado brasileiro foi vazado mais de 200 milhões de dados pessoais de brasileiros. Isso viola a lei 14.590 que foi decretada em 2022. Portanto, foi aberto um programa oficial chamado “Indeniza Brasil”, que você consegue estar consultando e  verificando a quantia que você tem direito de sacar. É muito rápido e fácil. Tudo isso é oficial do próprio Estado e Receita

– Transcrição de trecho do vídeo que circula nas redes sociais

Falso

O vídeo utiliza técnicas de inteligência artificial para forjar que Pablo Marçal teria falado sobre o falso programa “Indeniza Brasil”. Nota-se, no conteúdo desinformativo, apesar da baixa qualidade de resolução, que os lábios do empresário se movem de acordo com as palavras ditas, no entanto, trata-se de uma deepfake que usou a gravação feita na entrevista que o candidato concedeu para a Rede Record em agosto

À esq., captura do vídeo feito com deepfake; à dir.; imagem extraída do vídeo publicado pela Record

Nota-se, na imagem retirada do vídeo falso, que a legenda foi modificada e está embaçada. No entanto, na gravação original, o letreiro diz: “O voto na Record. Candidato Pablo Marçal participa de sabatina no Balanço Geral”. A entrevista foi transmitida no dia 23 de agosto e o empresário não falou sobre o suposto programa.

O vídeo desinformativo também conta com cenas criadas por deepfake do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) que abrem e encerram o conteúdo. No post falso, a voz do deputado é utilizada para promover o link que dá acesso à plataforma. 

‘Indeniza Brasil’

Lupa contatou a Receita Federal, que é citada no vídeo falso como sendo o órgão responsável pelo suposto programa, no entanto, em comunicado, a secretaria negou a criação do projeto. “A Receita Federal não lançou nenhum programa”, disse em nota encaminhada

O link que é exibido na publicação falsa leva para uma plataforma que simula um portal oficial que contém, inclusive, símbolos e logotipos característicos do governo federal. O site solicita o CPF e, após inserir o número, é exibido um vídeo sobre o ‘Indeniza Brasil’. 

Captura feita do site de golpe

O vídeo que é exibido pela plataforma também foi feito com deepfake. Trata-se de uma edição que mostra uma falsa chamada do Jornal Nacional, da Rede Globo, em que o apresentador William Bonner fala sobre o programa de indenização e, posteriormente, o presidente Lula (PT) se pronuncia afirmando que os brasileiros serão ressarcidos.

O site simula uma conversa com um atendente que promete auxiliar o usuário a fazer o saque do dinheiro fornecido pelo ‘Indeniza Brasil’. Além do CPF, outras informações pessoais são solicitadas, como nome da mãe, estado civil e chave Pix para que seja possível receber o valor de R$ 5.960,50

Ao fornecer as informações, a atendente alega, por meio de um áudio, que para o valor poder ser transferido para a chave Pix indicada, o usuário precisa fazer o pagamento de um imposto de R$ 61,91. Para liquidar o valor, o site redireciona para uma plataforma de pagamentos que pede outros dados pessoais, como nome completo, telefone e e-mail, para que seja possível fazer o pagamento do valor por Pix.

Captura de tela da conversa com a falsa atendente do site de golpe

A tática de redirecionar o usuário para outro site a fim de que seja feito o pagamento de uma suposta “taxa” é uma estratégia comum em golpes que circulam nas redes. Em agosto, a Lupa verificou um post que afirmava que usuários de cartão de crédito ou débito poderiam resgatar valores, pois as operadoras foram condenadas a devolver porcentagens aos clientes. Nesse caso, também era solicitado o pagamento de uma tarifa para transferir o “cashback”. Também se tratava de um golpe para usurpar dados e solicitar dinheiro.


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