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“O povo Yanomami encontra-se em uma situação de calamidade, por desassistência do Estado Brasileiro”, disse a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, em visita a Roraima no último final de semana.
Por Melissa Lima, Thiago Santos, Elane Oliveira, Daniela Batista e Laura Silvestre.
No sábado (21), o Presidente da República, Luiz Inácio Lula Da Silva realizou uma visita ao estado de Roraima. O mesmo veio tratar do descaso que os povos indígenas locais vem sofrendo nos últimos tempos. Foram mais de 20 pedidos de ajuda realizados, pelas lideranças indígenas do estado – todos, no entanto, ignorados.
Segundo informações publicadas pelo Governo do Brasil, nos últimos 4 anos, estima-se que 570 crianças Yanomami morreram por causas ligadas à negligência e impossibilidade de tratamento. Ano passado, foram 11.530 casos de malária no DSEI Yanomami (Distrito Sanitário Especial Indígena). Desde a última Segunda-feira (16) , equipes do Ministério da Saúde estão prestando assistência emergencial na terra Yanomami.
Os impactos causados pela prática ilegal do garimpo na região também foi posto em discursão durante o evento. A atividade se tornou a principal ameaça à vida no território indígena, devido a violência e a contaminação dos rios pelo mercúrio utilizados nos garimpos ilegais.
“Nós vamos levar muito a sério essa história de acabar com qualquer garimpo ilegal! Mesmo que seja uma terra que tem autorização da Agência para fazer pesquisa. Eles podem fazer pesquisas: sem destruir a água, sem destruir a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água e da floresta para sobreviver!” – Presidente Lula.
No Brasil, a exploração ilegal de minerais vem crescendo nas últimas décadas e disparou entre 2019 e 2020. O Boletim do Instituto Socioambiental (ISA) aponta que novos focos de garimpo já degradaram 114 hectares dos Yanomami, mesmo com a própria Constituição Federal proibindo o garimpo em territórios indígenas. Em 2022, o governador do estado de Roraima, Antônio Denarium (PP), numa deliberada afronta a Constituição, sancionou a lei nº 1.701/2022, que proibia a destruição dos equipamentos de garimpo ilegal, fora das terras indígenas. Esta regulação, depois, foi considera inconstitucional pelo Ministério Público Federal.
O Presidente Lula chegou em Roraima às 9h30 da manhã, na CASAI Yanomami (Casa de Apoio à Saúde Indígena). Em sua fala à imprensa destacou sua indignação pela situação que o governo anterior deixou a região.
“O presidente que deixou a presidência esses dias, se ao invés de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez… quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está?!” – Presidente Lula.
Durante a coletiva foi detalhado os termos do Decreto emergencial nº 11.384, assinado pelo presidente e apresentada uma comissão para enfrentar a crise sanitária. Medidas concretas como a chegada da Força Nacional do SUS, a partir de segunda-feira, e o envio de 4 mil cestas básicas e suplementos alimentares para crianças também foram sinalizadas. Lula prometeu voltar ao estado em março para a Assembleia Geral dos Povos Indígenas, na Raposa Serra do Sol.
O discurso da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, condenou a situação de emergência sanitária e lamentou pelas vidas dos Yanomami, que sofrem há anos sem amparo do Estado. No Twitter, Sônia se manifestou com parte emblemática de sua fala durante a coletiva de imprensa.
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(Foto: Reprodução/Twitter)
A ministra Sônia também lidera a hashtag da campanha #SOSYanomami, que obteve cerca de 250 mil impressões nas redes sociais entre os dias 21 e 22 de janeiro.
Nísia Trindade, Ministra da Saúde, equiparou a crise humanitária a uma epidemia, algo de importância nacional, e que deve receber ações imediatas do Governo Federal. Segundo a ministra, o próprio presidente irá coordenar o processo.
“O que nós vimos, desde aquele momento já era um alerta! Um alerta da gravidade da situação dos Yanomami” – Nísia Trindade.
Conforme enfatizou Nísia, as equipes da Missão da Força Nacional do SUS já estão em Roraima colaborando com a Funai e outros órgãos para diagnóstico e tomada de medidas emergenciais, nesse primeiro momento.
“Vamos fazer um plano de trabalho conjunto dos Ministérios. E já estamos agindo com a Força do SUS. O Decreto começará a vigorar a partir de segunda-feira! Com mais profissionais médicos e enfermeiros para esse atendimento de emergência” – Nísia Trindade.
Ainda no domingo, o Ministério da Saúde abriu inscrições para profissionais de saúde voluntários, que queiram atuar de forma emergencial no DSEI Yanomami através da Força Nacional do SUS.
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Confira as imagens da visita do Presidente Lula e sua Comitiva a CASAI Yanomami em Roraima. (Fotos: Thiago Santos)