Publicado originalmente em *Desinformante por Ana D’ângelo. Para acessar, clique aqui.
Dados do Instituto Reuters indicam que influenciadores (incluindo celebridades e políticos) foram responsáveis pela disseminação de 20% da desinformação sobre a Covid-19 durante a pandemia. Esses 20%, porém, corresponderam a 69% do engajamento total nas redes sociais sobre o tema. De olho neste cenário preocupante, a organização Redes Cordiais fez uma parceria com o InternetLab para construção de um guia, em sua terceira edição, para influenciadores em tempos de eleição. A ideia é que os influenciadores e produtores de conteúdo participem do processo eleitoral de maneira democrática, segura e ética.
Um levantamento feito pelas empresas Nielsen e YOUPIX em 2023 indica que o Brasil é o segundo país com maior número de influenciadores digitais no Instagram, totalizando 10,5 milhões de contas com pelo menos mil seguidores
Não há dúvida de que essas pessoas atuantes e influentes no ambiente digital exercem muita influência no debate público no Brasil. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2023 do Cetic.br, 38% dos brasileiros afirmaram assistir vídeos feitos por influenciadores digitais na Internet, em comparação a 33% em 20214. Entre os homens, esse número chega a 42%, enquanto entre as mulheres é de 33%. A pesquisa ainda aponta que 74% dos brasileiros consomem vídeos, programas, filmes ou séries pela Internet e 80% usam redes sociais.
Pela lei eleitoral em vigor, os candidatos não podem contratar influenciadores para fazer marketing de influência ou publicidade pedindo votos. No entanto, o influenciador, como qualquer cidadão, pode participar do debate público eleitoral e demonstrar apoio ou críticas aos candidatos e partidos. Mas como fazer isso dentro de princípios éticos e democráticos?
O guia traz alguns princípios para serem levados em conta caso o influenciador queira entrar no debate político como, por exemplo, liberdade de expressão. “Entendemos liberdade de expressão como um direito e um valor que só é plenamente atingido com a garantia da diversidade e a superação de assimetrias de poder. Isto quer dizer que o valor da liberdade de expressão só é de fato promovido quando conseguimos garantir um ambiente íntegro e seguro para que todos tenham a possibilidade de falar”, aponta.
Transparência com os posicionamentos, responsabilidade perante a sociedade, compromisso em não aderir a discursos de ódio e observância à privacidade dos seguidores e à proteção de dados são outros princípios levantados pelo guia.
Há ainda uma seção com dicas sobre como ajudar a enfrentar a desinformação típica de momentos sensíveis como são as eleições. “A inoculação é uma forma de criar resistência psicológica a uma informação falsa, semelhante ao modo de funcionamento de uma vacina. Eduque-se e explique aos seus seguidores quais os tipos de informações falsas estão circulando e as estratégias usadas para enganar a todos nós, sempre com rótulos de “falso”, “fake” ou “enganoso” para evitar que sejam compartilhadas”.
Leia a íntegra do guia aqui: