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Vice-líder do governo no Congresso, o deputado Otoni de Paula reproduziu falas da apresentadora da CNN Daniela Lima, as desqualificou e, em comparação com a condenação de Daniel Silveira (PTB-RJ) pelo STF, afirmou “não poder prender um jornalista” na quarta-feira, 27.abr.2022. No mesmo dia, o canal hiperpartidário de Youtube Folha Política repercutiu o episódio para sua audiência de 2,64 milhões de inscritos —mais do que tem boa parte dos veículos tradicionais de imprensa.
Acompanhar esses e outros dados relativos ao comportamento de grupos e agentes políticos faz parte da rotina de jornalistas. Mas, com o aumento significativo de estratégias de campanha via redes sociais, os profissionais de imprensa precisaram se adaptar às novas plataformas digitais.
Citado aqui como exemplo, o vídeo da Folha Política, que não é assinado por um responsável e recebeu mais de 490 mil visualizações, foi um dos gatilhos de uma série de ataques à profissional de imprensa da CNN nas redes sociais. A Abraji escolheu não deixar o material em hiperlink como faz de praxe para não dar visibilidade ao seu conteúdo nocivo.
Apenas a este vídeo, no qual a jornalista afirma que ameaça é crime, houve 2.849 respostas, das quais a maioria constitui ataque à atuação jornalística de Lima.
Mesmo assim, a Folha Política não teve vídeos deletados nos últimos três meses por infração às regras da comunidade do Youtube, de acordo com levantamento da Novelo Data.
Conteúdos como esse recirculam, via links ou trechos recortados do vídeo original, por Facebook, Twitter, Telegram e WhatsApp, em caminhos não triviais e difíceis de serem acompanhados sem algum conhecimento técnico.
Por isso, a Abraji reúne nesta matéria seis iniciativas que monitoram o comportamento de políticos e seus apoiadores nas redes sociais e em aplicativos de mensagem, que podem ser fontes úteis para jornalistas na cobertura das eleições de 2022.
De olho nos dados
Pelo que especialistas em desinformação têm levantado nos últimos meses, o pleito será disputado em meio a desinformação pungente e um ambiente hostil nas redes sociais que fomentam a desconfiança do eleitorado. Ataques às instituições eleitorais, uma suposta fraude nas urnas eletrônicas e a reivindicação de voto impresso auditável foram citadas por 27.840 contas, entre páginas, perfis pessoais e grupos públicos no Facebook entre nov.2020 e jan.2022, em 394.370 postagens.
Os dados foram obtidos pelo estudo “Desinformação on-line e contestação das eleições”, desenvolvido pelo projeto Digitalização e Democracia no Brasil, uma parceria entre a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) e a Embaixada da Alemanha em Brasília. O relatório aponta que essas publicações atraíram mais de 111 milhões de interações.
Outro resultado obtido pelo estudo mostra as contas que concentraram maior volume de interações, a partir de 1 milhão cada, nas postagens no Facebook. A maior parte deriva de representantes eleitos, entre eles o presidente Jair Bolsonaro (PL) e as deputadas federais Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
Para Amaro Grassi, coordenador da FGV DAPP, as experiências anteriores das eleições nos Estados Unidos e agora na Colômbia indicam algumas tendências para o Brasil neste ano. Ele destaca quatro estratégias que podem ser utilizadas por políticos nas campanhas eleitorais para engendrar seus discursos nas redes e para as quais jornalistas devem atentar:
- A contestação da lisura do processo eleitoral, buscando questionar a confiabilidade da urna eletrônica e da eleição como um todo;
- O uso de pautas “polarizantes” que não se enquadram necessariamente como desinformação, mas buscam estimular o engajamento e a capacidade de pautar os termos do debate público;
- Estratégias digitais mais integradas entre as plataformas e aplicativos de mensagens, explorando as vantagens de cada espaço e a circulação de conteúdos e informações entre elas, sobretudo em formato de vídeo;
- O papel dos influenciadores digitais, que deverão ocupar um espaço importante de alta visibilidade e engajamento nas principais redes sociais.
Grassi também avalia que a política das empresas de redes sociais em relação ao combate à desinformação e ao discurso de ódio têm mostrado uma postura mais proativa de moderação dos conteúdos, sobretudo com a Justiça Eleitoral. “Por outro lado, existe um atraso muito grande em termos de transparência dessas empresas. É urgente que atores externos tenham acesso a dados e informações que permitam maior compreensão sobre o que ocorre e circula nesses espaços”, afirma.
Conheça esses monitoramentos
Radar aos fatos
Primeira ferramenta de monitoramento automático e em tempo real do ecossistema de desinformação brasileiro, o Radar Aos Fatos localiza, qualifica e dá contexto aos principais vetores desinformativos nas redes.
A plataforma facilita a identificação de campanhas articuladas que influenciam o debate público, especialmente se essas ações estiverem acontecendo simultaneamente em várias redes sociais ou aplicativos de mensageria, explica a diretora de tecnologia de Aos Fatos, Carol Cavaleiro. O Radar monitora Instagram, Facebook, Twitter, Web, WhatsApp e Youtube.
A equipe do projeto, formada por oito profissionais, também faz reportagens analíticas disponíveis neste link.
A ideia de criar a ferramenta veio para facilitar o desafio da equipe de checadores de Aos Fatos em procurar padrões desinformativos e acompanhar redes articuladas durante campanhas de desinformação. “Se nossos jornalistas têm essa dificuldade, podemos imaginar como outros profissionais e empresas não especializadas lidam com a difusão de um conteúdo de baixa qualidade”, declara Cavaleiro.
O Radar Aos Fatos faz uma avaliação da qualidade do debate nas redes sociais nos últimos sete dias para três temas que estarão em debate nas eleições de 2022 —coronavírus, democracia e Judiciário. Essa última pauta, por exemplo, recebe nesta terça-feira (10.mai.2022) uma nota 3,1 entre 10 pontos possíveis. Cada plataforma também é avaliada.
Para chegar ao resultado, o aplicativo, a partir de 30 critérios, dá uma nota de um a dez a cada publicação avaliada —quanto menor a nota, maior as chances de o conteúdo ser desinformativo ou conter erro. Descarta, então, tudo o que tem nota acima de cinco e disponibiliza para visualização o que tem baixa qualidade.
Dos três assuntos acompanhados na semana em que foi realizada a entrevista, de 24.abr.2022 a 30.abr.2022, Judiciário foi o que teve mais correspondências. Foram 153.015 publicações coletadas em Youtube, Twitter, Instagram e Facebook, das quais 14.595 não passaram no crivo de qualidade.
Nos últimos meses, de acordo com a diretora de tecnologia de Aos Fatos, a quantidade de desinformação relacionada à pandemia teve uma queda considerável com o avanço da vacinação e a redução dos casos de covid-19. “Por outro lado, Judiciário e democracia apontam um crescimento à medida que alianças políticas são feitas e o período eleitoral se aproxima”, apontou.
O Radar ganhará ainda o tema Eleições no futuro próximo. “Estamos, no momento, organizando em bases de dados internas informações sobre os potenciais candidatos e eventuais hubs desinformativos”, adianta Cavaleiro.
Ao jornalista que se interessar pelas informações do Radar, Aos Fatos permite a publicação dos dados desde que seja citada fonte com hiperlink para a ferramenta. Mais detalhes sobre as condições de uso estão disponíveis aqui.
Para mapear conteúdos de baixa qualidade, o algoritmo tem mais de 30 regras para cada rede social, explica a diretora de tecnologia de Aos Fatos, que ainda informa que a metodologia da ferramenta é aberta ao público.
Monitor Nuclear
Criado em 2021 com o objetivo de medir a temperatura das redes sociais de políticos brasileiros, o Monitor Nuclear identifica as principais tendências de engajamento e interações de postagens no Twitter, Facebook e Instagram. O projeto é uma aplicação de dados do Núcleo Jornalismo e conta com apoio do International Center for Journalists (ICFJ).
Atualmente, o Monitor acompanha diariamente o perfil de 695 políticos entre estadistas, ministros, pré-candidatos às eleições de 2022 e atores políticos – figuras relevantes para a política nacional ou autoridades sem cargos eletivos. Os dados coletados indicam o “humor” do momento quanto a mobilização de bases de apoio ou de oposição em relação a certo ator político ou assunto.
Para medir a temperatura das redes, o monitor utiliza um índice próprio: o ISP. Quanto maior o valor do ISP, mais ativos estão os debates dos perfis monitorados. O medidor varia de 0 a 100, combinando o número de usuários que publicaram, o número de publicações e o engajamento das últimas 12 horas. Quanto mais próximo de 100, mais quente está a conversa nessas redes. Nesta terça-feira (10.mai.2022), o Monitor registrou 17.2 pontos.
Para Jade Drummond, gerente de estratégia do Núcleo Jornalismo, um dos desafios de monitorar as redes sociais é conseguir organizar o montante de informações. “É muito diferente você fazer uma lista no Twitter de forma manual para acompanhar os políticos do que ter uma análise automatizada como a do Monitor para conseguir tirar algum insight do comportamento político nas redes”, afirma.
Além de indicar os posts em alta, é possível realizar uma busca avançada no próprio monitor e identificar, por exemplo, tweets antigos ou até mesmo apagados de políticos. O recurso é útil para a checagem de informações, como foi o caso apresentado nesta matéria publicada pelo Aos Fatos, que indicou como falso um tweet em que Lula diz que vai cortar benefícios de igrejas.
O Monitor Nuclear também conta com o chatbot Weber, um robô que compartilha a cada três horas os tweets mais populares de políticos brasileiros via Twitter e Telegram.
Novelo Data
Liderado pelo jornalista de tecnologia Guilherme Felitti —com passagens por Época Negócios, CBN e Grupo Abril—, o estúdio de análise de dados Novelo Data constrói robôs que tabulam informações sobre vídeos publicados no Youtube desde 2018. A iniciativa nasceu de um estranhamento de Felitti com o foco da imprensa com o debate no Twitter, sendo que a rede social de vídeos tem uma base de usuários seis vezes maior no Brasil.
Hoje, os algoritmos desenvolvidos pela Novelo Data analisam até mesmo os textos enunciados nos conteúdos disponibilizados no Youtube por grupos de extrema direita, de oposição ao governo Bolsonaro e outras segmentações —o que Felitti chama de “estado da arte” desta tecnologia em conversa com a Abraji. No início, a consultoria levantava apenas informações gerais como nome, canal e número de visualizações da lista “Em alta”, que disponibiliza os materiais de maior sucesso na rede de compartilhamento de vídeos.
Mas o trabalho de Felitti que tem repercutido é o acompanhamento dos vídeos deletados e das infrações dos termos de uso do Youtube cometidos por canais de extrema direita. Com base em dados da Novelo, O Globo mostrou que youtubers bolsonaristas, pré-candidatos à Câmara dos Deputados, deletam vídeos com ataques ao STF e TSE e que live de Bolsonaro com falsas alegações de fraude nas urnas segue no YouTube 8 dias após proibição. Em virtude do levantamento, Felitti tem sofrido ataques em massa nas redes sociais e ameaças, o que tem sido acompanhado pela Abraji.
Levantamentos da Novelo também são citados por Globo, Uol, Folha de S.Paulo e outros grandes veículos de imprensa, e podem ser usados contanto que a fonte seja indicada.
Felitti publica ainda atualizações do monitoramento com frequência em sua conta no Twitter, disponibiliza um placar de como o YouTube modera os canais de extrema-direita no Brasil e dispara uma newsletter diária de vídeos excluídos —para ser adicionado nesta lista, é necessário ser jornalista e contatar a Novelo Data pelo e-mail guilherme@novelo.io.
“No monitoramento de dados da Novelo, temos diariamente cerca de 650 vídeos publicados nos canais que a gente acompanha e uma média de 40 a 50 vídeos deletados por dia”, estima Felitti.
Eleições sem Fake
Especializado em combater a desinformação nas eleições brasileiras desde 2018, o projeto Eleições sem Fake conta atualmente com dois sistemas de monitoramento: um do WhatsApp e outro mais recente, do Telegram. O projeto foi criado por um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com objetivo de trazer mais transparência para o espaço midiático e mitigar os problemas criados pela disseminação de notícias falsas.
Ambos os monitoramentos podem ser acessados de forma gratuita por jornalistas e grupos de checagem, basta entrar em contato com a equipe do projeto, formada por oito alunos de doutorado, mestrado e graduação. Autoridades brasileiras interessadas na pauta da desinformação também podem ter acesso aos sistemas.
O Monitor de WhatsApp do Eleições sem Fake acompanha 350 grupos políticos abertos, que são acessíveis por convites publicados em sites conhecidos ou nas redes sociais. Por meio de scripts automatizados, o sistema mostra os conteúdos de imagem, vídeo, áudio, mensagem e links que foram compartilhados com frequência nos chats do aplicativo de mensagem.
“Nós não sabemos o quanto as mudanças que o WhatsApp fez em 2018, por exemplo reduzindo o compartilhamento de mensagens, foram efetivas e vão ser capazes de, no momento da eleição deste ano, conter o espalhamento rápido da desinformação. A avalanche que ocorreu anteriormente tende a se repetir”, avalia Fabrício Benevenuto, coordenador do projeto.
Benevenuto também alerta para a grande movimentação de campanhas de desinformação a favor do governo Bolsonaro no Telegram, uma das plataformas de mensagem mais populares do mundo. O Monitor de Telegram faz o monitoramento de mais de 120 chats, entre grupos públicos e canais, incluindo os de autoridades políticas. Para conhecer uma demonstração do sistema, clique aqui.
O projeto Eleições sem Fake é um dos parceiros de tecnologia do Comprova, iniciativa liderada pela Abraji que reúne jornalistas de dezenas de veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações suspeitas nas redes sociais.
MonitorA
Criado pelo Instituto Az Mina em 2020 para acompanhar os ataques de gênero contra candidatas(os) aos cargos municipais, o MonitorA deve funcionar nas eleições gerais de 2022, adiantou à Abraji Barbara Libório, diretora de inovação da entidade.
Parceria com o centro independente de pesquisa InternetLab, a iniciativa mapeou violência política contra 175 candidaturas de mulheres e homens cis e trans a partir de uma série de palavras-chave buscadas em Twitter, Instagram, Facebook e Youtube. Foram coletados 1.610.932 tweets (8,8% com termos ofensivos), 632.170 comentários no Instagram em 43.886 publicações (2,7% com termos ofensivos) e 50.361 comentários em 1.800 vídeos no Youtube (9,8% contendo termos ofensivos).
A pesquisa mostrou que, em comparação aos homens, as candidatas foram atacadas por aquilo que são – mulheres, negras, idosas, trans -, enquanto os candidatos que receberam ataques foram ofendidos majoritariamente por suas atuações profissionais, como políticos e gestores públicos – com exceção de idosos e LGBT+, que também foram alvo de ódio e agressões por essas características, aponta o relatório final do MonitorA sobre o pleito de 2020.
Bárbara Libório diz que o trabalho de análise é feito por oito pessoas, mas a equipe geral contando com parceiros locais e com desenvolvimento envolve mais de 40 colaboradores. O MonitorA tem painéis de visualização desenvolvidos pelo Volt Data Lab e firmou parcerias com veículos de imprensa das cinco regiões do país para apurar casos de violência de gênero. Assim como todo o conteúdo de Az Mina, a ferramenta está sob licença copyleft e pode ser reproduzida gratuitamente mediante citação de fonte e algumas outras condições.
“Por exemplo, no Pará, não víamos tanta violência política de gênero nas redes, mas a gente tinha muita violência política acontecendo ali mesmo. Tinha candidatas ameaçadas, recebendo tiro na porta de casa”, relata Libório. Sem o apoio do jornalismo local, esses registros teriam ficado de fora do levantamento final, de acordo com a diretora de inovação. “Foi bastante importante para a gente entender como essa violência política opera de maneiras diferentes em diferentes regiões e diferentes territórios”.
O escopo do projeto para as eleições de 2022 ainda não está fechado, de acordo com Libório, assim não é possível saber se novos espaços por onde a desinformação circula, como o Telegram, estarão sob monitoramento. Isso está em debate com os membros do InternetLab.
“A principal ideia do MonitorA é dar dados e embasamento para que tenhamos um espaço mais democrático, mais seguro, para as mulheres poderem exercer seus cargos políticos, estarem nesse espaço”, afirma a diretora de inovação de Az Mina. Ela lembra que a vereadora Erika Hilton, a mulher mais votada nas eleições à vereança em São Paulo, usou dados da iniciativa para responsabilizar na Justiça agressores virtuais.
Monitoramento Abraji
A Abraji monitora restrições à liberdade de imprensa desde 2013 e a partir de 2019 passou a integrar a rede latino-americana Voces del Sur, quando o levantamento ganhou ajustes metodológicos e entrou no anual Relatório Sombra.
Em 2021, a Abraji registrou 453 ataques contra comunicadores e meios de comunicação. Em 69% dos casos, a agressão foi provocada por agentes estatais. O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a imprensa 89 vezes no último ano, ou seja, sozinho representa 19,64% do total de ataques.
“Eles [políticos que atacam jornalistas] veem nos discursos estigmatizantes uma forma de desqualificar o alvo como profissional, como ser capaz de falar sobre essas temáticas, como pessoa com capacidade de articular discurso sobre isso e se posicionar”, avalia Rafaela Sinderski, doutoranda em ciência política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e uma das responsáveis pelo levantamento.
A assistente jurídica da Abraji e outra responsável pelo monitoramento, Leticia Kleim, afirma que o acirramento dos ataques à imprensa desde 2019 tornou claro o viés de gênero. Como mostrou o MonitorA no caso de candidaturas femininas, as mulheres jornalistas cis e trans sofrem ofensas misóginas de políticos e campanhas articuladas de apoiadores. “As mulheres são desqualificadas por suas características físicas e estereótipos moralistas. São chamadas de: ‘puta’, ‘vaca’, ‘traveco’, ‘gorda’, ‘velha’, ‘feia’ etc”, detalha Kleim.
O relatório sobre ataques de gênero contra jornalistas elaborado pela Abraji registrou 119 ocasiões em que houve violência de gênero. Foram alvo 127 jornalistas e veículos de comunicação, dos quais mulheres jornalistas (cis e trans) representam 91,3% das vítimas. Esses dados vão ser atualizados ao longo do processo eleitoral.
Rafaela Sinderski explica que agressões contra jornalistas homens cis e trans entram no escopo do monitoramento quando existe um componente homofóbico ou de gênero em uma suposta crítica ao exercício jornalístico. Jornalistas que sofrem ou foram alvo de violência de gênero podem registrar denúncia neste formulário e podem contatar o e-mail monitoramento.genero@abraji.org.br. A cientista social reafirma que os relatos de jornalistas à Abraji são importantes para expandir o escopo da iniciativa para além da grande imprensa.
Letícia Kleim lembra que, em anos eleitorais, políticos ainda costumam acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para remover conteúdo com o argumento de que as reportagens configuram publicidade negativa (Resolução TSE 23.610/19), o que, no entendimento da Abraji, pode configurar censura judicial. Dados de remoção de conteúdo pela via da Justiça são disponibilizados pela Abraji na plataforma Ctrl+X.
A presença constante da imprensa entre as publicações desinformativas indica também o ambiente hostil ao jornalismo profissional nas redes sociais em que as opiniões serão disputadas neste processo eleitoral. Exemplo para veículos de todo o mundo, o New York Times anuncia na versão mais recente de sua estratégia que lutará contra os ataques à liberdade de expressão para fazer o seu trabalho jornalístico possível.