Caso DJ Ivis: a violência contra a mulher como cenário para “likes”?

Publicado originalmente em Âncora dos Fatos. Para acessar, clique aqui.

A violência contra a mulher, cometida pelo DJ Ivis, virou tema de manchetes de jornais, sites e programas de rádio e TV, nos últimos dias, após a repercussão dos vídeos, que flagram o artista agredindo a esposa, Pâmella Holanda, dentro de casa. Foi ela quem compartilhou nas redes sociais uma série de imagens gravadas, as quais mostram que era violentada a tapas, socos e chutes, inclusive na presença de outros adultos e da filha do casal, uma bebê de 9 meses.

Iverson de Souza Araújo, conhecido no cenário musical como DJ Ivis, solicitou à Justiça que os vídeos da violência contra a mulher fossem removidos das redes sociais. Ele pediu também que a ex-mulher fosse proibida de comentar o assunto em entrevistas à imprensa. Ambos os pedidos foram negados.

Mas, apesar da tentativa de ocultar as imagens e calar a ex-mulher para que o assunto tivesse um ponto final, a repercussão tomou grandes proporções de cunho social, artístico, pessoal e empresarial.

Isso porque suas músicas saíram da programação de rádios e foram retiradas das maiores plataformas de streaming musical – Deezer e Spotify.

Preso

Na tarde de quarta-feira, 14, o governador do Ceará, Camilo Santana, anunciou que o DJ Ivis foi preso. “A prisão havia sido solicitada ontem e decretada há pouco pela Justiça”, afirmou.

Músicas do DJ Ivis retiradas das plataformas

Em redes sociais, a Deezer Brasil reforçou que “Meu papo é reto: não há justificativa quando o assunto é violência contra a mulher. NÃO compactuo com essa conduta inadmissível. Eu disse que traria atualizações, e cá estou! Todas as músicas do Dj Ivis foram retiradas das minhas playlists e destaques editoriais. E sigo de olho, com muita atenção aos desdobramentos do caso”.

Produtora cancela contrato

O artista Xand Avião, através das redes sociais, também anunciou que a empresa Vybbe, produtora que cuida da carreira musical de Ivis, rompeu o contrato com o DJ. Em um vídeo no Instagram, Xand afirma que nada justifica a violência contra a mulher. “Não admito nem compactuo com nenhum tipo de violência, ainda mais com uma mulher.

Nada explica”, disse ele. “Como todo mundo sabe, o DJ faz parte da Vybbe, infelizmente, não tem como continuar com ele na nossa empresa”, complementa.

Cantores como Zé Felipe, Flayslane e Latino cancelaram parcerias musicais com o DJ por não compactuarem com as atitudes de violência.

Likes e seguidores nas redes sociais do DJ Ivis

Em contrapartida ao posicionamento do mercado musical, o que chama a atenção é, que, após a divulgação dos vídeos acusando o DJ de agressão, ele ganhou mais seguidores nas redes sociais. De acordo com o levantamento da ferramenta Social Blade, até a sexta-feira, 9, ele tinha mais de 720 mil seguidores no Instagram. Ontem, o número chegava a 936 mil pessoas.

Curiosos? Apoiadores? Fãs? Algoritmos? Talvez a “psicologia dos likes” explique. Nos comentários das últimas postagens do cantor é possível ver frases dos seguidores, como: “você é o cara”. Após as polêmicas envolvendo seu nome, o DJ limitou a possibilidade de comentários em sua página.

Se no Instagram o DJ Ivis não foi “cancelado”, como é chamado pela geração Z o termo para quem comete um grande erro e é punido nas redes, certamente a postura do DJ é cringer (comportamento vergonhoso e ou constrangedor) para não descrever algo pior. O espantoso é que ele não perdeu seguidores, mas ganhou engajamento e novos “visualizadores” em sua página.

Cancelamento de Karol Conká

Em paralelo, uma mulher, negra e sulista, a cantora rapper Karol Conká, foi uma das artistas a ter maior número de “deslikes” e “unfollow” no Instagram nos últimos meses.

Quando entrou no Big Brother Brasil, no início deste ano, ela possuía 1,5 milhão de seguidores, os quais se transformaram em 1,8 milhão. Porém, ao longo do programa, após se envolver em polêmicas, a cantora também perdeu contratos com patrocinadores, recebeu o título de vilã da edição e passou a perder muitos seguidores, chegando a 1,2 milhão. O “cancelamento” feito à rapper foi violento, agressivo, excessivo e também injustificável, assim como suas atitudes no programa. O mundo das redes sociais não perdoou Karol Conká.

Atualmente, ela recuperou o número de 1,5 milhão de fãs em sua conta e trabalha para se reposicionar no mercado. A rapper tenta ser “descancelada” na vida real e virtual. Para mostrar os fatos que fizeram o público amar e odiar Karol Conká no BBB, a Globoplay lançou um documentário chamado “A Vida Depois do Tombo”, disponível na plataforma digital.

Conká. Dj Ivis. Likes. Cancelamento. Teria, portanto, o mundo virtual dos likes e seguidores dois pesos e duas medidas?

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