Publicado originalmente em Âncora dos Fatos. Para acessar, clique aqui.
Na tarde de quinta-feira, 10 de junho, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez um pronunciamento em Brasília, para seus ministros e correligionários, em ato oficial. O teor do discurso sobre a pandemia da Covid-19 foi “avisar a imprensa”, segundo ele, sobre a possibilidade de desobrigar o uso de máscara para quem já tiver sido vacinado ou infectado pelo novo Coronavírus.
Um ato, que de acordo com o presidente, deve ser editado nos próximos dias e foi decidido em comum acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A novidade contraria as recomendações de autoridades sanitárias do mundo. Isso porque segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as medidas de prevenção contra a Covid-19 não devem ser afrouxadas mesmo com a vacinação. No Brasil, segundo a plataforma Our Word in Data apenas 11,1% da população foi vacinada até o dia 10 de junho, com as duas doses da vacina – número ainda baixo para desobrigar o uso da máscara.
Vale lembrar que a Lei nº 14.019/2020, a qual torna a obrigatoriedade do uso de máscara em locais públicos e privados foi publicada no dia 3 de julho de 2020, no Diário Oficial da União. Nela, consta que a obrigatoriedade do uso da proteção facial engloba vias públicas e transportes públicos coletivos, como ônibus e metrô, bem como em táxis e carros de aplicativos, ônibus, aeronaves ou embarcações de uso coletivo fretados.
Pouco depois da declaração do presidente, o ministro Queiroga divulgou um vídeo explicando que será feito um estudo sobre o uso de máscaras.
“Recebi do presidente Bolsonaro hoje uma solicitação para fazer um estudo acerca do uso das máscaras. O presidente está muito satisfeito com o ritmo da campanha de vacinação no Brasil, O presidente acompanha o cenário internacional e vê que, em outros países onde a campanha de vacinação já avançou, as pessoas já estão flexibilizando o uso das máscaras”, disse Queiroga.
Com o gancho sobre a pandemia da Covid-19 e o uso de máscara Bolsonaro trouxe à tona ainda uma série de inverdades em seu discurso nesse 10 de junho. Confira.
“Acabei de conversar com um tal de Queiroga, e ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que foram vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que tem a sua utilidade para quem está infectado”.
O uso de máscaras é recomendado pela organização Mundial de Saúde (OMS) não apenas para quem está infectado, mas justamente para que a pessoa que não está com o vírus não seja contaminada. O uso de máscaras é aconselhável mundialmente pelas autoridades sanitárias para evitar a disseminação do vírus, já que mesmo quem está imunizado ou quem já tiver contraído a doença pode ser reinfectado. As vacinas contra a Covid-19 não impedem a infecção pelo vírus, mas sim o agravamento da doença.
LEIA TAMBÉM
Uso de máscara é defendido em manifesto por 46 entidades médicas
“Sabíamos que o vírus era letal para uma parcela da população da sociedade com comorbidades”.
O percentual de pessoas sem nenhum fator de risco entre os mortos por Covid-19 no Brasil sobe. A Organização Mundial de Saúde alerta para o aumento do número de contaminação e mortes por Covid-19 entre os jovens. O diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, diz que é falsa a impressão de que se um jovem pegar a doença será facilmente curado.
O banco de dados do SUS também comprova isso.
Portanto, diferente do que o presidente afirma, a Covid-19 tem feito vítimas de todas as idades, inclusive crianças e jovens.
“O Brasil foi o país que teve menos mortes por Covid-19 por milhão”
O Ministério da Saúde confirmou na quinta-feira, 10 de junho, mais 2.504 mortes por Covid-19, elevando o total para 482.019. O órgão também contabilizou 88.092 casos em 24 horas. No mundo todo, os Estados Unidos seguem liderando o número de mortes (598 mil), além do Brasil (479 mil) e a Índia (355 mil).
Foto Destaque: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil