Áudio sobre variante Ômicron compartilhada no WhatsApp tem vários equívocos

Publicado originalmente em Covid-19 DivulgAÇÃO Científica. Para acessar, clique aqui.

Ainda não há informações científicas consolidadas sobre gravidade da infecção e efetividade das vacinas, como sugere a mensagem compartilhada com frequência

Em um áudio que circula pelo WhatsApp, filtrado pelo aplicativo parceiro Eu fiscalizo no dia 7 de dezembro, uma mulher que se apresenta como doutora em biologia afirma que todos os estados brasileiros do litoral, incluídos os localizados na região Nordeste, assim como todos estados da região Norte, teriam casos confirmados da nova variante Ômicron do coronavírus SARS-CoV-2. “É uma variante mortal e mata tanto quanto a COVID-19, ainda não temos vacina para ela”, sugere.

Embora se apresente como conhecedora do assunto, a mulher se confunde ao tratar a COVID-19 e a Ômicron como coisas distintas, uma vez que a variante transmite a mesma doença. Quanto à caracterização da Ômicron como uma “variante mortal”, o primeiro caso conhecido de morte foi anunciado pelo Reino Unido no dia 13 de dezembro. Ainda não se sabe se esta variante mata mais que outras variantes.

Apesar das confusões feitas pela pessoa do áudio, é importante mencionar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) designou a nova variante de preocupação no último dia 26 de novembro. Segundo a OMS, até o dia 9 de dezembro, 63 países haviam detectado a nova variante, entre eles o Brasil. No dia 12 de dezembro, o Ministério da Saúde confirmou 11 casos no país, todos de pacientes com sintomas leves. Outros casos suspeitos são monitorados. O estado de São Paulo já notificou a transmissão local da variante, com o diagnóstico de um paciente que não tinha histórico de viagem para regiões com casos confirmados. 

“O mais importante agora é fazer o controle, a vigilância genômica. Estamos vendo que a vacina está funcionando para a maior parte das variantes. Em breve, saberemos qual é a efetividade contra a Ômicron”, pondera a pesquisadora Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Somente de março a outubro de 2021, o LNCC foi responsável pelo sequenciamento e análise dos genomas de mais de 5 mil amostras do coronavírus, o que permite identificar a presença de mutações no SARS-CoV-2.

Vasconcelos reconhece que a variante Ômicron deve ser motivo de preocupação, especialmente pelo alto número de mutações – são mais de 30 na proteína Spike, a coroa do vírus que faz a ligação com as células humanas. Essas mudanças foram encontradas em outras variantes, como Delta e Alfa, e estão associadas à infecciosidade elevada e à capacidade de escapar de anticorpos bloqueadores de infecção.

“Temos duas ou mais variantes circulando ao mesmo tempo e uma pessoa pode ser infectada por ambas. Existem mecanismos que são raros, mas podem acontecer, como a recombinação”, revela a pesquisadora. Ela se refere à possibilidade de uma espécie de fusão entre duas cepas, gerando uma possível nova variante.

Apesar das imprecisões do conteúdo compartilhado em grupos de mensagens, Vasconcelos concorda com as recomendações finais. “Usar máscara, evitar aglomerações, é óbvio, ainda mais nesta época de final de ano, com uma nova variante em circulação, que ainda não sabemos como ela vai se adaptar na população daqui”, conclui.

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