Áudio de suposto engenheiro questiona eficácia da vacina CORONAVAC

Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Edison Mineiro. Para acessar, clique aqui.

O Nujoc recebeu para checagem um áudio que contesta a eficácia da vacina Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A pessoa que grava o áudio identifica-se como Wilson Seabra Filho e afirma ser engenheiro que atua na Companhia Energética de São Paulo – CESP. O material foi enviado para verificação por meio do aplicativo Eu Fiscalizo (Disponível para Android e IOS).  

O engenheiro disse que ele e a esposa receberam a vacina e, após 35 dias, decidiram fazer um teste de sorologia. Utilizaram o teste Fleury e detectou-se que ambos não tinham anticorpos contra a COVID-19. Apesar do relato não há registros que permitam comprovar as informações do suposto engenheiro.

As informações levantandas são, portanto, falsas. A vacinação no Brasil teve início em 17 de janeiro de 2021, sendo o imunizante Coronavac o primeiro a ser administrado no país. Com informações do Instituto Butantan, em um estudo clínico conduzido no Brasil e que contou com a participação de 12,4 mil profissionais de saúde voluntários em 16 centros de pesquisa, concluiu o índice de eficácia de 100% para casos graves e moderados. Outro dado importante é a taxa de eficácia de 78% para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial. Isso significa que a cada cem voluntários que contraíram o vírus, somente 22 tiveram apenas sintomas leves, mas sem a necessidade de internação hospitalar.

Em maio, outra informação positiva acerca da Coronavac também é divulgada pelo Instituto Butantan. Um estudo preliminar conduzido na Indonésia apontou que a CoronaVac teve eficácia de 98% na prevenção de mortes e de 96% para evitar hospitalizações. As informações foram divulgadas por um oficial do Ministério da Saúde do país em coletiva de imprensa.

A pesquisa verificou dados de 128.290 profissionais da área da saúde que receberam o imunizante, desenvolvido pela biofarmacêutica chinesa Sinovac, entre janeiro e março deste ano na capital do país. Foram comparadas pessoas vacinadas com pessoas não vacinadas. O estudo também apontou que a vacina ainda preveniu a infecção sintomática em 94% dos profissionais de saúde pesquisados.

Além da funcionalidade garantida da vacina, o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explica à revista Veja que é importante buscar a segunda dose porque a eficácia prometida foi determinada a partir de estudos que os testaram fazendo duas aplicações. “Além de aumentar a proteção contra a Covid-19, a segunda dose ajuda a prolongá-la”, acrescenta Cunha.

Por último, ressalta-se também a necessidade de seguir às medidas restritivas entre a administração das duas doses da vacina. A recomendação dos médicos se baseia no tempo que o organismo leva para começar a produzir os anticorpos. É o que se chama “janela imunológica”, termo que ficou mais conhecido depois da notificação de casos de coronavírus entre pessoas que tomaram a primeira dose da vacina.

“A janela imunológica é um termo usado para o período que o organismo leva, a partir de uma infecção, para produzir anticorpos contra esse agente infectante e que possam ser detectados por exames de sangue. Geralmente esse período leva algumas semanas, e o paciente, apesar de ter o agente infeccioso presente em seu organismo, apresenta resultados negativos nos testes para detecção de anticorpos contra o agente”, esclarece o professor e imunologista Ricardo Braz da Silva, dos cursos de Saúde da Universidade Tiradentes.

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