Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Marcio Granez. Para acessar, clique aqui.
Em pronunciamento no seu canal do Youtube, o jornalista, apresentador e cantor também sugere que a ivermectina funciona contra a doença
O vídeo, de cerca de dois minutos e meio de duração, começa com a seguinte explicação: “E essa denúncia que vem lá de Washington e também vem da… da… da Europa, que o grupo de… de… de cientistas pagando 1 milhão pra quem der a eles um vírus separado e limpo, e inteiro, da Covid, e não descobriram, não conhecem o vírus da Covid. Montaram, acharam que era assim, e espalharam para o mundo. E o mundo aceitou essa, entre aspas, ‘pegadinha’”.
O material foi enviado para checagem pelo aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz. Trata-se de um trecho da fala do jornalista e apresentador Gilberto Barros, que comanda o canal “TV Leão”, no Youtube.
O apresentador afirma que os cientistas não encontraram o vírus Sars-CoV-2 após analisarem 1,5 mil amostras em sete diferentes universidades: “Eu não tô dizendo que não existe. Volto a dizer: mil e quinhentos testes positivos, sete universidades espalharam destes mil e quinhentos, mil e quinhentos para sete universidades, não é cem aqui, cem ali: mil e quinhentos positivos de Covid, espalharam o material pra sete universidades. Nenhuma das sete enxergou o Sars-CoV-2 maldito, que causa Covid-19. O que foi descoberto foi influenza 1, na grande maioria, e em pouquíssimos casos o influenza 2”.
As afirmações do apresentador Gilberto Barros sobre a suposta inexistência do novo coronavírus não têm fundamento algum. Além de não citar as fontes que utiliza, o apresentador também não oferece qualquer explicação adicional para os mais de 5 milhões de mortos pela doença no mundo todo – mais de meio milhão dos quais só no Brasil. Ao contrário do que ele sugere, o vírus existe, foi identificado no final de 2019 e vem sofrendo mutações desde então.
O apresentador também sugere que a ivermectina é eficaz para a doença – que, como ele mesmo afirma, praticamente não existe. Ele também aproveita para chamar de negacionistas e genocidas os que descordam de seu ponto de vista: “Não sou eu que tô dizendo, são os cientistas, que dia 24 e 25 vão realizar em Londres, a partir de Londres pro mundo inteiro, a primeira conferência internacional de estudos conclusivos sobre o uso da IVM no tratamento da Covid-19. IVM, senhores negacionistas, genocidas, é a ivermectina”.
A ivermectina, assim como outros medicamentos do chamado “kit Covid”, não tem eficácia para prevenir ou combater o novo coronavírus. Diversos estudos já provaram isso, como você pode conferir aqui.
“Não sou eu quem tá dizendo” – Em mais de uma vez na sua curta fala, Gilberto Barros passa a responsabilidade pelas informações sem fundamento que dissemina para cientistas e médicos: “E não sou eu quem tá dizendo. São cientistas e grandes médicos do mundo inteiro que vão participar, 24 e 25 desta primeira conferência internacional a partir de Londres”.
Não apenas os que produzem informações falsas são responsáveis e podem ser enquadrados pela legislação penal, mas também aqueles que por qualquer meio as disseminam. Ao colocar a autoridade de cientistas e médicos como fiador de suas afirmações falsas e que induzem a erro, Gilberto Barros junta-se a outros profissionais da imprensa que se colocam do lado do negacionismo e da desinformação. Ele vem colecionando polêmicas em seu canal do Youtube, onde dispara ataques a homossexuais, fake news sobre coronavírus e elogios ao presidente Jair Bolsonaro, conforme você confere nesta matéria aqui.
O Nujoc já checou diversas mensagens envolvendo desinformação e jornalismo. Confira algumas delas aqui.