Ao contrário do que disse Ricardo Barros, CPI não atrapalhou compra de vacinas

Publicado originalmente em Âncora dos Fatos. Para acessar, clique aqui.

O depoimento do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), na CPI da Covid, foi marcado por tumultos e discussões, na quinta-feira, 12.

Isso porque questionado sobre sua ligação com empresas que nos últimos meses intermediavam a venda de vacinas anticovid ao Ministério da Saúde, o líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros, disse que

“a CPI da Pandemia afastou empresas interessadas em vender vacinas ao Brasil. O mundo inteiro quer comprar vacinas e espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, porque o negativo já produziu muito. Afastou várias empresas interessadas em fazer negócios com o Brasil”, afirmou o deputado.

Em fevereiro de 2021, o próprio Governo Federal havia anunciado a aquisição de vacinas e um cronograma de entregas dos imunizantes de diferentes fabricantes para todo o ano.

Vale lembrar que a CPI da Covid foi instalada pelo Senado em abril de 2021. Ou seja, meses após o anúncio de negociações e compras de vacinas por parte do Governo.

Sobre as negociações com farmacêutica CanSino, o próprio diretor, Peter Morgon, afirmou ao Valor Econômico, que a CanSino decidiu substituir sua representante no Brasil por questões de compliance. O vice-presidente afirmou ainda que os chineses seguem em busca de um representante “confiável”. Em nenhum momento ele descartou a possibilidade de encerramento de negociação com o Brasil.

Senadores desmentem Ricardo Barros

A afirmação de Ricardo Barros sobre a acusação contra a Cpi gerou reação de senadores e senadoras e a reunião foi suspensa. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão e disse que reavaliaria a condição de Barros, que compareceu como convidado, e poderia ter sido recebido como convocado pela comissão parlamentar de inquérito.

O senador Omar Aziz rebateu a acusação de Ricardo Barros e disse que a CPI não atrapalhou a venda de vacinas, mas impediu práticas de corrupção no Ministério da Saúde. Ainda segundo Aziz, empresas já se manifestaram dizendo que querem, sim, vender imunizantes para o país. 

“Quero deixar bem claro para a população: se hoje estamos vacinando com vacinas compradas a um preço justo é graças a essa comissão” afirmou Aziz.

Vale lembrar que o nome de Ricardo Barros surgiu após as denúncias do deputado Luis Miranda (DEM-DF) de que ele teria feito pressão em favor da empresa Precisa, então intermediária da vacina indiana Covaxin. 

“Isso não é verdade”, reagiu a senadora Simone Tebet (MDB-MS), lembrando que já havia mais de 400 mil mortes por covid-19 no Brasil e faltavam vacinas no país quando a CPI foi instalada.

Governo Federal demorou para negociar com a Pfizer

Diferente das acusações de Barros, vale lembrar que o próprio Governo Federal dificultou a negociação da compra de vacinas com a Pfizer, a qual garantiu que em agosto de 2020, ofereceu ao Brasil a compra de 70 milhões de vacinas contra a Covid-19, mas não recebeu retorno imediato para as negociações.

Com informações da Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

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