Publicado originalmente em COVID-19 DivulgAÇÃO Científica por Catarina Chagas. Para acessar, clique aqui.
Embora fake news questionem sua utilidade, produto é um aliado na prevenção à COVID-19, assim como água e sabão.
A essa altura da pandemia, já devia estar na ponta da língua de todo mundo: manter distanciamento social, evitar aglomerações, usar máscaras e higienizar frequentemente as mãos são as principais medidas pelas quais qualquer pessoa pode ajudar a frear a COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Ainda assim, seguem em alta alguns posts que trazem desinformação sobre estes temas nas redes sociais: já questionaram o distanciamento social, as máscaras e, também, a eficácia do álcool em gel.
O aplicativo parceiro Eu Fiscalizo identificou, no Instagram, uma publicação que cita um suposto estudo da Universidade de Kyoto para afirmar que o álcool em gel “pode ser inútil na proteção contra COVID-19”. Procuramos o químico Adriano Andricopulo, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), campus São Carlos, para esclarecer a questão.
Ele explicou que a ação desinfetante do álcool é bem conhecida cientificamente: o produto atua desestruturando proteínas ou lipídios (gorduras) das camadas externas de agentes infecciosos, como vírus e bactérias. É o que acontece com o novo coronavírus.
O SARS-CoV-2 é formado por material genético (ácido ribonucleico, ou RNA), proteínas e lipídios. Esses últimos são responsáveis por revestir e proteger o material genético viral. Em contato com o álcool, a camada de gordura é rompida, o que inviabiliza o vírus.
Além do álcool
Quando uma pessoa contaminada pelo novo coronavírus toca uma superfície – um corrimão, um carrinho de supermercado, uma mesa, um telefone, uma maçaneta etc. –, pode contaminá-la com o vírus. “Testes para a identificação do SARS-CoV-2 em esfregaços de superfície mostraram que desinfetantes apropriados são eficazes para a sua desinfecção”, conta Andricopulo. Mas, quando estamos incertos sobre se a superfície que tocamos está ou não adequadamente desinfetada, o melhor a fazer é limpar bem as mãos.
“A higiene das mãos é fundamental, porque é exatamente por meio das mãos que ocorre o contato do vírus com o nosso rosto e mucosas, e consequentemente, a contaminação”, ressalta o especialista. Portanto, na dúvida, não dê mole: limpe as mãos com frequência, especialmente quando estiver fora de casa.
O uso dos desinfetantes de superfície nas mãos não é indicado, pois pode causar reações indesejáveis na pele, prejudicando a saúde. Sempre que possível, a limpeza das mãos deve ser feita com água corrente e sabão – que também agem rompendo o revestimento de gordura do SARS-CoV-2. Quando não há uma pia por perto, o álcool em gel dá conta do recado.
Orientações para o uso do álcool em gel
Segundo o químico da USP, não há contraindicações para o uso do álcool gel na higienização das mãos. Embora o uso frequente do produto possa ressecar um pouco a pele – o que pode ser resolvido com aplicação de hidratante –, ele não produz toxicidade sistêmica no organismo humano. Pessoas alérgicas devem procurar álcool gel sem perfume ou cor.
“É importante ficar atento(a) no momento de comprar o álcool em gel nas farmácias ou supermercados, pois o álcool etílico pode ser comercializado com diferentes graduações de fração em massa ou de fração em volume, que são, respectivamente, os graus INPM e GL”, esclarece Andricopulos. “Esta informação aparece nas embalagens dos produtos”. O produto adequado para desinfecção das mãos é o álcool em gel 70 graus GL.
Use a quantidade apropriada para espalhar o álcool em gel por toda a superfície das mãos, até a altura dos punhos. Em seguida, deixe o produto em contato com as mãos até secar, o que leva apenas 15 a 20 segundos. Se for usar hidratante, espere o álcool evaporar primeiro, e só depois aplique o creme. Além disso, tenha em mente que o álcool em gel é um produto inflamável, portanto, quando estiver com as mãos molhadas de álcool, não acenda fósforos ou isqueiros, nem chegue perto do fogo e do fogão. Mantenha o produto longe das chamas.