Publicado originalmente em Portal Luneta. Para acessar, clique aqui.
O Hip Hop é um gênero musical, um estilo de vida e principalmente uma forma de expressar a vida e as adversidades que o jovem periférico passa no dia a dia.
O cenário do Hip Hop piauiense está aos poucos ganhando expressão a fora por força de um público majoritariamente feminino, que nos últimos anos vem crescendo em um cenário quase totalmente dominado por um público masculino.
É notável tanto em plateias de “batalhas de rima”, eventos de Grafitti, rodas de Break, em shows e principalmente no cenário musical como na DOPE com a Tasha e Tracie o tanto que as mulheres vem se destacando e isso fica claro no relato da artista Nakayy, que conta um pouco de como o rap a salvou e salva vidas pela periferia:
“O rap me salvou diversas vezes. Acho que pro artista a melhor forma de você por pra fora seus sentimentos, frustrações e decepções é pela sua arte. Quando você põe aquilo pra fora você se sente muito mais leve. E é dessa forma que todo dia o rap salva, porque através dele eu consigo me expressar e consigo salvar outras pessoas também, pessoas que se identificam e se sentem acolhidas com aquilo que eu retrato nas minhas músicas”. Comenta nakkay
A dificuldade para um mc (mestre de cerimônia ou rapper) conquistar seu espaço mediante a todos os problemas existentes como o preconceito, é bem grande, e isso se intensifica quando se é mulher e tenta crescer nesse cenário que ainda se enraíza o machismo. Aos poucos, isso muda devido a polarização Do Mainstream e os novos públicos que o rap vem atingindo com o tempo.
Algo que aproximou mais o público feminino ao cenário do Hip Hop foi as rodas culturais, onde puderam demonstrar um pouco de sua qualidade musical, como é o caso de Gabriela Caroline, uma artista independente da capital do estado do Piauí, conhecida artisticamente por representar sua persona, Phoeniixx ou Fênix. Gabriela começou aos 13 anos de idade a rimar em batalhas de rap em sua cidade e foi a primeira mulher a colecionar inúmeras vitórias nas rodas culturais de hip hop em Teresina. Em ênfase um desses títulos foi ter sido a primeira mulher a ganhar a Batalha da cultural , uma das maiores batalhas de hip hop do Piauí. Trazendo a representatividade feminina dentro das batalhas que até então era escassa em Teresina. Fênix teve uma importância significativa para história do rap local, segundo a artista.
“Quando eu comecei a batalhar, era uma cena completamente masculina, e sempre foi muito difícil ser a única mc mulher nas batalhas, mas sempre que alguma mulher vinha me falar que se inspirava em mim, e que quando me via no microfone se sentia representada. Sempre foi meu combustível acompanhado com a sensação de dever cumprido, e eu me sinto muito realizada em poder trazer essa representatividade pra minha Terra, principalmente pras mulheres lgbtqiap+ daqui. Me sinto muito feliz em saber que virei referência para várias mulheres Começarem a fazer arte”, Diz Phoenix.
Mas o Hip Hop também abrange outros estilos, como o break e o Grafitti, e isso aproxima o jovem ou a jovem periférica que tem habilidade com o spray, com os canetões, e consegue demonstrar e viver isso no dia a dia e ainda inspira outras mulheres como conta Maria Simone, mãe, Grafitteira e produtora cultural:
“ Acredito que nós Mulheres temos um papel importante da arte urbana. Só o fato de ser mulher, mãe e empoderada, já mostramos nossa força. Assim incentivamos outras mulheres a lutar pelo O que elas também acreditam”.
Ela ainda acrescenta que a arte salva, não só da criminalidade mas também da depressão, tira a mulher de um mundo sem sentido. A arte traz novamente o prezo de fazer aquilo que te faz bem e traz terapia a dias ruins. Mesmo que seja difícil se manter na vida artística.