Centro de Estudos do Icict debate representações de gênero na mídia brasileira

Publicado originalmente em Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz). Para acessar, clique aqui.

O Centro de Estudos do Icict convida estudantes, comunicadores, pesquisadores e demais interessados para seu próximo seminário, cujo tema será GMMP 2020: Apontamentos sobre as representações de gênero na mídia brasileira. A sessão, com transmissão ao vivo, será nesta sexta-feira, 29/4, às 14h.  

O evento contará com a participação das pesquisadoras Elizângela Carvalho, associada ao Centro de Investigação do Instituto de Comunicação da Universidade Nova Lisboa (ICNova), que será a palestrante da sessão; e Patrícia Cardoso D’Abreu, docente da Universidade Federal do Espírito Santo, que participa como debatedora. Elas irão dialogar sobre a sua experiência no projeto de pesquisa Global Media Monitoring Project (GMMP), realizado em 2020, para monitorar em escala global as representações de gênero na mídia. No Brasil, a iniciativa contou com os esforços de mais de 80 voluntários que atuam na área, distribuídos nas diferentes regiões do país para coletar, codificar e analisar notícias veiculadas em 23 suportes de imprensa, dentre jornais, emissoras de TV, de rádio, sites e perfis em redes sociais.

De acordo com o relatório, as mulheres foram 27% das fontes consultadas para as notícias de jornais neste período. A análise comparativa revela que, entre outros resultados, há um problema de sub-representação das mulheres nas notícias. Estes e outros dados disponíveis no relatório do Brasil serão discutidos durante a sessão e deverão conduzir a uma discussão sobre a presença das mulheres nas notícias.

Desigualdades de gênero e invisibilidades na mídia

Sob a ótica da informação e da comunicação em saúde, a pesquisadora Izamara Bastos, do Laboratório de Comunicação em Saúde do Icict/Fiocruz e uma das pesquisadoras voluntárias do estudo, chama a atenção para o período da pandemia de Covid-19 e algumas das assimetrias de gênero destacadas por esta e outras iniciativas de pesquisa. “De um modo geral, diferentes estudos já apontaram que as mulheres foram extremamente afetadas pela pandemia de covid-19. O monitoramento foi realizado, coincidentemente na mesma data em que a OMS anunciou a marca de um milhão de mortes pelo mundo”, informa.  

“Do ponto de vista da saúde, as mulheres na pandemia foram muito afetadas com a sobrecarga de trabalho, fosse ele remunerado ou não. Além disso, o elevado número de desemprego também acarretou uma perda de rendimento que afetou diretamente os cuidados com alimentação, moradia, os próprios cuidados com a saúde.  O cenário pandêmico também revelou um elevado índice de violência contra mulheres, como apontou, por exemplo, levantamento do DataFolha – encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em que reforça que a pandemia de covid-19 provocou inúmeras outras crises para além da crise sanitária global, mas também um cenário de aumento relativo à violência doméstica em que as mulheres eram as principais vítimas. Entretanto, não necessariamente isto se reverberou nas narrativas midiáticas na data em que o GMMP 2020 realizou seu monitoramento.  Como consequência dessa invisibilidade na mídia, poderíamos dizer que isso torna o cenário ainda mais difícil para as mulheres”, explica a pesquisadora.  

Sobre o Global Media Monitoring Project

O Global Media Monitoring Project (GMMP) ocorre a cada 5 anos e em 2020 contou com a participação de mais de 100 países, entre eles o Brasil, que contou com mais de 80 voluntários para o estudo dessa edição. Os resultados foram publicados em relatórios por país (neste link, relatório GMMP 2020 – Brasil) e região (neste link, relatório GMMP 2020 – América Latina), além de um relatório global.

Sobre a Palestrante 
Elizângela Carvalho é jornalista por formação e atuação profissional. Fez sua graduação em Jornalismo na Universidade Federal do Piauí e mestrado em Estudos de Linguagem, também pela UFPI. Atuou como jornalista em mídia impressa, onde foi editora-chefe por sete anos, professora substituta na UFPI e assessora de imprensa de órgãos públicos e privados no Piauí. Atualmente, é estudante de Doutorado em Ciências da Comunicação na Universidade de Coimbra, onde tem vindo a investigar o lugar destinado às mulheres no jornalismo. É bolsista FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e associada ao Centro de Investigação do Instituto de Comunicação da universidade Nova Lisboa (ICNova). No GMMP, foi coordenadora nacional do monitoramento realizado em 2020.

Sobre a debatedora:
Patrícia Cardoso D’Abreu é jornalista, doutora em Comunicação Social (UFF), professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), onde coordena o Grupo de Observação Sobre as Mulheres na Mídia (GRÊMIO), vinculado ao projeto de pesquisa “Episfeme: questões midiáticas”, e co-autora do livro “Mulher, cultura e mídia – Investigações sobre o feminino”. Foi coordenadora da equipe que monitorou o Jornal Nacional, no Brasil, no GMMP 2020  

Seminário do Centro de Estudos
Sexta, 29/4 – 14h
Assista em www.youtube.com/videosaudedistribuidoradafiocruz (ou no vídeo abaixo)

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