Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Edison Mineiro. Para acessar, clique aqui.
O Nujoc recebeu para checagem a matéria “Eficácia da Coronavac será questionada na Justiça e médicos sugerem imunização com outras vacinas” do site de notícias Diego Emir. Entre as alegações apresentadas no texto estão que o imunizante chinês possui baixa eficácia em pessoas acima de 70 anos, e a possibilidade de ingressar na Justiça para tomar novamente a vacina contra a COVID-19 desenvolvida por um outro laboratório. O texto do referido portal foi encaminhado para verificação por meio do aplicativo Eu Fiscalizo (Disponível para Android e IOS).
As informações levantadas são falsas. De acordo com o Instituto Butantan, estudos realizados por pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Espanha demonstraram que a aplicação da CoronaVac, vacina do Butantan contra a Covid-19, levou à queda na internação e nos óbitos por SARS-CoV-2 de pacientes idosos, inclusive em contextos onde predomina a variante P.1 do novo coronavírus (cepa amazônica).
Segundo o artigo “Estimativa do impacto inicial da imunização contra Covid-19 em mortes entre idosos no Brasil”, a escalada da vacinação entre idosos no país está associada a uma queda considerável na mortalidade desse público na comparação com pessoas mais jovens. Na relação entre janeiro-fevereiro (quando poucos idosos haviam tomado a segunda dose) e abril, a queda no número de mortes na população acima dos 80 anos foi de 25% para 13%.
Além disso, o estudo “Efetividade da vacina CoronaVac na população idosa durante a epidemia de Covid-19 associada à variante P.1 no Brasil”, desenvolvido entre janeiro e abril com 15 mil casos de pessoas acima dos 70 anos do estado de São Paulo, apresentou que a efetividade da vacina em um contexto onde predomina a variante P.1 aumenta com o tempo e não tem variação significativa em relação à eficácia geral da vacina, sendo de 49,4% 21 dias após a segunda dose. Ela é maior, porém, nos idosos mais jovens: no público entre 70 e 74 anos, a eficácia é de 61,8%.
O Instituto Butantan ressalta que as pesquisas conduzidas no Brasil e em outros países têm apontado que a CORONAVAC é eficaz contra as novas variantes, comprovadamente a P.1 e a P.2, e que protege todos os grupos etários, inclusive os idosos, contra a mortalidade por Covid-19. Mas vale frisar que nenhuma vacina impede que uma pessoa seja infectada pelo coronavírus.
Sobre essa possibilidade de infecção é outra questão indicada na matéria do site Diego Emir. Discutido em outros momentos aqui no Nujoc Checagem, a taxa de 50,38% de eficácia corresponde uma avaliação de todas as pessoas que contraíram a doença nos dois grupos (imunizados e placebo) analisados durante os estudos da vacina. Nesse sentido, ao analisar os 252 casos de pessoas que acabaram adoecendo durante os estudos (com qualquer gravidade da doença), os pesquisadores puderam comprovar que a vacina Coronavac é 50,38% eficaz para prevenir a doença. E caso uma pessoa imunizada desenvolva a doença, provavelmente vai apresentar sintomas leves e não vai morrer.
O estudo clínico concluiu ainda o índice de eficácia de 100% para casos graves e moderados. Outro dado importante é a taxa de eficácia de 78% para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial.