Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.
Circula pelas redes sociais um texto em tom irônico que lista 37 motivos para prender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e é atribuído ao jurista Hélio Bicudo, intelectual histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), que morreu em julho de 2018. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
O jurista Helio Bicudo, Procurador dê Justiça que desbaratou o Esquadrão da Morte, em São Paulo, escreveu artigo sobre a prisão de Lula. Fundador nacional do PT, tem sido um crítico do ex-presidente (…)
– Trecho de mensagem que circula pelas redes sociais
Falso
Não há nenhuma comprovação que o texto foi escrito por Hélio Bicudo. O suposto artigo circula pelas redes sociais de forma anônima desde pelo menos 2016, em publicações e comentários, e desde 2017 em blogs. Além disso, o texto não aparece no perfil do jurista no Facebook e em seu blog. Também não há conteúdos na imprensa que confirmem ser ele o autor do artigo.
O conteúdo já foi verificado pelo Aos Fatos, que atribuiu o texto a “estudantes portugueses”. A autoria, contudo, não foi confirmada pelo veículo. Em maio de 2016, Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, republicou o conteúdo, afirmando não saber a autoria e lançando dúvidas de que fosse de Bicudo.
Hélio Bicudo
O jurista Hélio Bicudo foi um petista histórico e coautor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, Dilma cometeu crime de responsabilidade pelas “pedaladas fiscais”. O jurista dedicou os seus últimos anos de vida na finalização de um livro sobre o processo de impeachment.
Bicudo faleceu aos 96 anos em São Paulo, no dia 31 de julho de 2018. O jurista ficou conhecido por sua defesa dos direitos humanos e por denunciar os crimes do Esquadrão da Morte, organização paramilitar que executava criminosos e suspeitos de delitos durante a ditadura.
Bicudo também teve uma trajetória marcada pela atuação na política como deputado federal por São Paulo, por dois mandatos, de 1991 a 1999, e como vice-prefeito na gestão de Marta Suplicy (PT), de janeiro de 2001 a dezembro de 2004.
Ainda em 2005, anos antes do impeachment de Dilma, ele já estava insatisfeito com o PT e se desvencilhou do partido por causa do escândalo do “mensalão”, assim como outros petistas, entre eles Ivan Valente e Chico Alencar, que posteriormente se filiaram ao PSOL.
No entanto, ele decidiu não se filiar a outro partido, mas passou a apoiar publicamente adversários do PT. Na eleição presidencial de 2010, por exemplo, declarou apoio a José Serra, candidato do PSDB, no segundo turno, que foi vencido por Dilma. Nos últimos anos de sua vida, tornou-se um crítico ferrenho do PT e de Lula.
Conteúdo semelhante foi verificado por Aos Fatos e Boatos.org.
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