Publicado originalmente em Agência Lupa por Ítalo Rômany. Para acessar, clique aqui.
Circula nas redes sociais o boato de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso em 1987 por planejar um atentado contra o próprio Exército. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
Bolsonaro preso em 1987 por incitar planejar um atentado contra o próprio Exército
– Legenda de post que circula no WhatsApp
Falso
Jair Bolsonaro foi punido com uma prisão disciplinar de 15 dias em 1986 por causa de um artigo escrito para a revista Veja. No texto, o então capitão de artilharia criticava os baixos salários, defasados por conta da inflação e falta de reajuste. “Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira que assola as massas de oficiais e sargentos do Exército brasileiro”, disse Bolsonaro, no texto escrito à Veja.
Em 2017, o jornal Folha de S. Paulo teve acesso aos documentos do Superior Tribunal Militar sobre o caso Bolsonaro. De acordo com a reportagem, o ex-capitão foi preso por 15 dias ao “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação na organização militar” e “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial, comprometendo a disciplina”.
Artigo escrito por Bolsonaro em 1986 para a revista Veja. Foto: Reprodução/Veja
No inquérito sobre o caso, o ex-capitão, como revela a reportagem da Folha, reconheceu ter cometido uma “transgressão disciplinar” ao escrever o artigo.
Plano de atentados
Em outubro de 1987, a revista Veja publicou reportagem que apontava Bolsonaro e outro capitão como idealizadores de um plano para obter melhores vencimentos para a categoria. Chamado de Beco sem Saída, a ideia era realizar protestos com explosões de bombas em unidades militares do Rio de Janeiro. Veja chegou a publicar um esboço do plano, supostamente atribuído a Bolsonaro.
Reportagem da Veja sobre o plano Beco sem Saída. Foto: Reprodução/Veja
Ao STM, em resposta enviada em 1988, Bolsonaro negou sua participação no plano. “Nego veementemente tal plano. Como posso provar que não o conhecia? À Veja cabe o ônus da prova. Baseado em que elementos chegou à absurda conclusão de que eu tinha ou sabia de um plano?”, disse.
Bolsonaro foi considerado culpado pelos coronéis, mas acabou absolvido depois, em recurso acolhido pelos ministros do STM, por 8 votos a 4.
Checagem similar foi produzida por Reuters e UOL Confere.