Publicado originalmente em *Desinformante por Liz Nóbrega. Para acessar, clique aqui.
Com uma linguagem simples e expressões tipicamente nordestinas, a Coar Notícias, primeira iniciativa de fact-checking do Piauí, lançou nesta semana o Manual de Checagem Nordestina chamado “Arriégua: Ói as fake news”. O material feito por e para nordestinos traz dicas simples e didáticas para auxiliar o público na identificação de informações falsas e na prevenção de golpes pela internet.
A fundadora da Coar e criadora do manual, Marta Alencar, destaca que é importante que “o jornalismo regional no Nordeste carregue a sua própria identidade (fuja um pouquinho dos padrões de meios reconhecidos nacionalmente) e linguagem para atingir mais pessoas”.
Alencar, que também é professora substituta da Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz), pontua que a ideia para a criação do material veio do projeto de extensão “Coando boatos e desinformações nas eleições” que vai ser realizado em abril e se estenderá até o próximo ano. “Iremos levar educação midiática, técnicas de checagem, além de despertar o senso crítico sobre informação de qualidade em crianças, jovens e idosos” explica a docente, que usará o manual também como material para o projeto.
O manual tem uma seção para que o leitor “matute” sobre o tema, ou seja, reflita sobre a desinformação e se dedique a analisar os detalhes dos conteúdos que recebe nas redes sociais. Para isso, o material traz exemplos e ferramentas que podem ser usadas para checar imagens e prints de vídeos, além de explicar termos comuns dentro do debate sobre desinformação.
A checagem de boatos também foi abordada no manual, que trouxe exemplos do dia a dia, como a alegação de que determinado alimento teria o poder de curar o câncer. Os especialistas recomendam ficarem atentos com o teor sensacionalista e sempre pesquisar sobre o tema.
O primeiro ponto cumade e/ou cumpade é brechar (espiar, analisar) o conteúdo. Veja se saiu em algum meio jornalístico de credibilidade, se não, desconfie da qualidade. Mesmo que o conteúdo seja compartilhado por alguém de sua confiança, verifique!
trecho do manual de checagem nordestina
“Se falarmos de um fact-checking com uma linguagem rebuscada, as pessoas no interior podem não entender o que significa e como se aplica de fato, mas se eu falar com termos próximos a elas, como por exemplo: Se faz (mentira), brechar (espionar, analisar), é mais fácil chegarmos a elas, treinarmos e combatermos com maior proximidade à desinformação que circula no interior do Nordeste”, explica Alencar.
O Arriégua também elenca dicas para “você se ligar e desconfiar daqueles conteúdos que podem ser mais falso que nota de três reais”. Com uma linguagem popular, o manual explica que é para ter cuidado com a pressa e “não cair na armadilha do apressado come cru”, fala da importância de fazer uma boa “xeretagem” (investigação) e diz para ter cuidado com promessas irresistíveis: “Golpistas têm o jeito de oferecer negócios irresistíveis, como se fossem promessas de chuva no sertão, mas, na realidade, podem esconder uma tempestade.
O conteúdo já está sendo cotado por professores da escola básica para ser utilizado em sala de aula e, além de texto, também está sendo disponibilizado em áudio. “Enviamos por áudios nas redes sociais digitais, além de enviarmos para rádios de várias cidades do Nordeste. Não se restringe ao Podcast E-COAR porque meu sonho é alcançar mais pessoas com uma linguagem que fala diretamente com elas, assim acredito que estarei combatendo de forma mais eficaz a desinformação local. Estou muito empolgada, pois em breve iremos lançar mais manuais regionais”, disse Marta Alencar.
O Manual foi escrito pelos jornalistas e doutorandos em Comunicação, Marta Alencar e Thiago Silva, e diagramado pelo pesquisador e mestrando em Comunicação, Jhonnatan Santos. Também contou com a revisão da jornalista e Mestra em Comunicação, Ohana Luize. Acesse o manual neste link ou aqui:
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