Circula pelas redes sociais um vídeo no qual um homem xinga apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele critica o grupo por não aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2022, que resultaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com as postagens, a pessoa que aparece na gravação seria o dono da empresa Seara. É falso.
Por meio do ?projeto de verificação de notícias?, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa?:
“Olha o que o dono da Seara fala dos Patriotas cadê os cristãos que votaram no Lula faz o L”
– Texto em vídeo compartilhado nas redes.
Falso
O homem que aparece nas imagens não é o dono da Seara. Desde 2003 a empresa pertence ao grupo JBS, atualmente comandado por Wesley Batista Filho, que assumiu a presidência global de operações em 2022. O CEO da Seara é João Campos, que atua no cargo desde outubro de 2020 — ele também não é o homem que critica os apoiadores de Jair Bolsonaro. Os dois são mais jovens e têm fisionomias completamente diferentes daquela da pessoa mostrada na gravação que circula nas redes sociais.
Algumas das postagens compartilhadas nas redes mencionam que o homem no vídeo se chama Paulo Seara, e que esse seria um dos indícios de que ele é um dos fundadores da empresa. Contudo, a palavra “Seara” não tem relação alguma com o sobrenome de seus principais criadores, os irmãos Artêmio e Aurélio Paludo. Na realidade, refere-se à cidade de Seara, no oeste de Santa Catarina, onde nasceu a empresa, inaugurando o primeiro frigorífico de grande porte do município, em novembro de 1956.
O homem que aparece nas imagens de fato se chama Paulo Seara. Por meio de uma busca do nome no Google, a Lupa localizou algumas fotos dele publicadas pelo site do jornal Diarinho. Trata-se de um empresário que mora em Itajaí, Santa Catarina. Por telefone, Seara confirmou que gravou as imagens e que não tem qualquer relação com a empresa de alimentos.
Ele conta que o vídeo foi feito no dia 7 de janeiro de 2023, durante uma viagem, e enviado para um grupo de WhatsApp no mesmo dia. Contudo, o material foi compartilhado em outras conversas e viralizou. Pouco depois, a gravação começou a circular nas redes sociais com as falsas alegações de que mostrariam o dono da empresa de alimentos.
“Nesse dia, dia 7 de janeiro, eu estava na praia. O vídeo foi direcionado a um grupo de pessoas da cidade de Itajaí. Um membro do grupo colocou o número do meu celular e meu nome e distribuiu [o vídeo] em grupos bolsonaristas de Balneário Camboriú. Aí foram colocando que eu era o dono do Seara. Meu nome é Paulo Seara e eu não sou o dono da Seara. Eu trabalho com terraplanagem, não tenho relação com industriáveis”, explicou o empresário.
Para comprovar sua identidade, Seara enviou fotos suas à Lupa. Veja abaixo a comparação com o vídeo:
Esse conteúdo também foi verificado por Boatos.org e Reuters.