Discussão “O regime de desinformação das Big Tech” acontece hoje (9)

A palavra “engajamento” costumava ser usada em referência à participação dos indivíduos em protestos, lutas trabalhistas, movimentos sociais ou partidos políticos. Na internet, no entanto, o engajamento não é um fenômeno qualitativo, e sim quantitativo, mensurável pela interação dos usuários da rede com determinado conteúdo. Essa interação gera a produção de dados por meio de cliques, comentários, compartilhamentos e visualizações, engordando o big data das corporações da internet. A ascensão de comunidades misóginas, racistas, homofóbicas, fascistas e golpistas, ou seja, da hipertrofia do ódio nas redes digitais, tem como corolário a atrofia da razão, da reflexão e do pensamento equilibrado, racional e razoável. O definhamento da razão, por sua vez, tem historicamente se mostrado um eficiente método para adubar o terreno no qual mentiras, notícias falsas e demais táticas de desinformação são plantadas por indivíduos e grupos com interesses políticos e econômicos. Assim como o ódio, a mentira também gera engajamento nas redes: notícias falsas são compartilhadas por quem acredita nelas ou por quem as faz circular por má fé, interesse pessoal ou canalhice, e são refutadas, desmentidas e denunciadas por quem age em defesa da verdade dos fatos. Em ambos os casos, retomando o livro contábil das big tech, o engajamento é medido pela interação dos usuários da rede com esse conteúdo, que gera a produção de dados por meio de cliques, comentários, compartilhamentos e visualizações, novamente dilatando o big data das corporações da internet. Esses são os argumentos que serão levantados para abordar os motivos pelos quais grandes empresas de tecnologia como a Alphabet (proprietária do Google e do YouTube), a Meta (dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp) e o Twitter querem impedir, a todo custo, a aprovação da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência da Internet, que se propõe a regular as plataformas digitais de comunicação para que tenhamos um ecossistema informacional mais saudável, seguro e confiável.

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