Publicado originalmente em Agência Lupa por Ítalo Rômany. Para acessar, clique aqui.
Circula nas redes sociais a informação de que a fome no Brasil cresceu durante o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dados seriam, segundo a publicação, da Organização das Nações Unidas (ONU). É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
Depois que Lula assumiu a presidência, a fome aumentou. E ainda cortou o Bolsa Família de pessoas que precisam. Faz o L
– Legenda que acompanha vídeo compartilhado no WhatsApp
Falso
A publicação omite a informação de que o período de análise do relatório publicado pela ONU é de 2020 a 2022, ou seja, ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de o documento ter sido publicado em julho deste ano, não tem nenhuma relação com o governo Lula.
Os dados estão no relatório intitulado “O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2023″. O Brasil apresentou 21,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave (página 200), ou seja, em situação de fome. Outras 70,3 milhões têm algum grau de insegurança alimentar (leve ou moderada).
O post que circula nas redes sociais veicula uma reportagem do Jornal da Record, exibida em 12 de julho deste ano, como suposta prova do aumento da fome no governo Lula. Entretanto, no próprio vídeo aparecem as informações do período de análise do relatório da ONU, 2020 a 2022. O conteúdo falso não removeu esse dado da publicação.
Bolsa Família
O post ainda relaciona o número de pessoas com fome no Brasil no governo Lula a um corte de beneficiários do programa Bolsa Família. O que é enganoso.
Em março deste ano, segundo o governo federal, houve um corte que abrangeu 1,5 milhão de cadastros que não atendiam aos requisitos para participar de programas sociais. “A maioria desses cadastros pertence a pessoas com renda acima da de beneficiários”, diz o Executivo. O país tem hoje 20,9 milhões de famílias beneficiadas no Bolsa Família.
Checagem similar foi produzida por Aos Fatos e AFP Checamos.