Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.
Circula nas redes sociais um vídeo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizendo numa entrevista que pobres são “como papel higiênico”. A publicação sugere que o petista considera descartáveis as pessoas em situação de pobreza. É falso.
O vídeo foi retirado de contexto. Na verdade, no discurso completo, Lula criticava a prática de outros políticos que demonstram interesse por pessoas de baixa renda somente durante as eleições.
Por meio do ?projeto de verificação de notícias?, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa?:
Usou, jogou fora, acabou. Acabou as eleições, acabou o interesse pelo pobre. O pobre não é visto como ser humano, é visto como um número
– Trecho de vídeo compartilhado no Instagram
Falso
O vídeo circula fora de contexto pelas redes sociais. Na verdade, a fala de Lula foi recortada de uma entrevista dada ao podcast PodPah, em 2 de dezembro de 2021. No trecho, o presidente criticou outros políticos que, segundo ele, demonstram interesse por pessoas em situação de pobreza somente em período eleitoral. Em nenhum momento Lula sugeriu que, para ele, “pobre é igual papel higiênico”. Pelo contrário.
Antes do trecho recortado, o então pré-candidato à Presidência falava sobre o programa Bolsa Família, que foi instituído em 2004, ainda durante seu governo. O trecho real do vídeo, conforme transcrição feita pela Lupa, mostra que Lula se referiu, em tom crítico, aos políticos que se importam com a população em vulnerabilidade social apenas em período eleitoral (entre 49:43 e 50:15):
“Você sabe o que acontece? Eu vou dizer uma coisa pra vocês com todo respeito das pessoas que estão acompanhando vocês. É que pobre muitas vezes nesse país é tratado como se fosse papel higiênico. Usou, jogou fora, acabou. Acabou as eleições, acabou o interesse pelo pobre. O pobre não é visto como ser humano, é visto como número, sabe? Quando eu saí da cadeia fui falar com o Papa Francisco, porque queria começar uma campanha contra a desigulade”.
Lula tratava sobre as mudanças no programa de transferência de renda no governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o petista, as mudanças tinham fins eleitorais. Na época, o Bolsa Família tinha sido substituído pelo programa Auxílio Brasil.
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