Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.
Highlights
- Assembleia Cidadã Brasileira sobre Edição Genética recomenda maior transparência da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) sobre técnica de edição genética
- Pesquisadores de quatro universidades do Brasil e 26 profissionais de outras áreas participaram de debate sobre o uso do CRISPR na agricultura
- Participantes pediram maior atuação pública nas decisões da técnica utilizada, criação de sanções em caso de danos ambientais e planos de reversão genética
Brasileiros pedem mais transparência sobre as pesquisas e a aprovação do uso de CRISPR, uma das técnicas mais modernas para a edição genética de diversos organismos, incluindo plantas. Em nota técnica publicada na quinta-feira (13), solicitam a divulgação pública desses dados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão responsável por regulamentar os estudos e uso de organismos geneticamente modificados no Brasil. As exigências incluem ainda, participação pública nas decisões sobre CRISPR, treinamento para agricultores, criação de sanções para danos ambientais e estruturação de planos de reversão genética.
Entre dias 24 e 25 de junho e 1 e 2 de julho, em um evento online, 26 participantes de escolaridade, gênero, raça, atuação e nível socioeconômico diferentes, debateram o assunto, após terem recebido 15 dias antes do evento, um material informativo, já que nenhum dos participantes era especialista no tema. Junto com pesquisadores de diferentes instituições, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Estadual de Maringá (UEM), discutiram recomendações sobre o uso do CRISPR para aumentar a produtividade agrícola e desenvolver plantas adaptadas às mudanças climáticas e resistentes a pragas ou agrotóxicos.
Professor do Departamento de Sociologia da UFMG, Yurij Castelfranchi, um dos organizadores do evento, explica como estes profissionais analisam as preocupações em torno da edição genética. “Em uma assembleia, com pessoas de várias cidades, histórias de vida diferentes, do campo, da roça, do quilombo, de uma área indígena, de uma metrópole ou de uma cidade pequena, os raciocínios, os exemplos, as demandas e as dúvidas são muito diversos, um leque riquíssimo de questões”, comemora o pesquisador.
Yurij e colegas já estavam envolvidos em eventos como esse desde 2019, quando integraram um projeto internacional para a criação de uma Assembleia mundial de cidadãos sobre edição genética. “A ideia é de que em cada região e continente do mundo a população delibere, tome decisões e faça propostas políticas sobre uma aplicação da edição genética. Nós, no Brasil, focamos em edição genética em plantas”, esclarece Castelfranchi.
Agora, a nota técnica e um relatório contendo as recomendações serão enviados às Comissões de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e a órgãos políticos estaduais e municipais. Castelfranchi adianta que eles já têm encontros marcados com senadores, deputados e representantes de associações científicas para discutir a incorporação das sugestões na formulação de leis. Nos próximos meses serão enviados os resultados das Assembleias de todos os países para a Unesco e organizações transnacionais.