Anvisa não mudou posição em alerta sobre casos adversos raros pós-vacina da Covid-19

Publicado originalmente em Agência Lupa por Ítalo Rômany. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais a informação de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mudou seu posicionamento sobre a ocorrência de casos adversos raros após a aplicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer. O post usa um trecho de uma nota técnica da Anvisa para questionar a suposta “retratação” feita pela agência. É falso.

O post omite que a nota técnica foi publicada em julho de 2021, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A Anvisa reforça que a recomendação pela continuidade da vacinação está mantida, uma vez que, até o momento, os benefícios do imunizante da Pfizer superam os riscos.

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

A Anvisa orienta aos vacinados com Pfizer para procurar atendimento médico imediato se tiverem dor no peito, falta de ar e palpitações. Miocardite é a inflamação do revestimento externo do coração. Ué, não vai ter retratação da narrativa que o presidente Bolsonaro é genocida não?????

– Texto que acompanha post compartilhado no WhatsApp

Falso

A nota técnica que circula nas redes sociais foi publicada em julho de 2021 – ou seja, não houve retratação ou mudança recente no entendimento da agência sobre o tema. Além disso, a Anvisa informa que as vacinas em uso no país mantêm benefícios que superam os riscos. E que a ocorrência de casos adversos raros associado às vacinas contra Covid-19 permanece baixa.

Em nota encaminhada, a assessoria de imprensa da Anvisa informa que não houve alteração no entendimento sobre o perfil de benefício da vacina da Pfizer. “A vacina mantém-se com perfil positivo para uso na população, […] o alerta sobre miocardite e pericardite foi feito em 2021 e não sofreu alterações”, diz.   

No texto da nota técnica, a agência explica que houve relatos nos Estados Unidos de casos de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e de pericardite (inflamação do tecido que envolve o coração) após a vacinação contra Covid-19 com imunizantes de plataforma de RNA mensageiro (RNAm), como as vacinas da Pfizer e da Moderna. E que, por isso, iria acompanhar de perto a situação no país.

Entretanto, a própria Anvisa reforça que mantém a recomendação de continuidade da vacinação com a vacina da Pfizer, dentro das indicações descritas em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios superam os riscos. “A agência esclarece que o risco de ocorrência desses eventos adversos é baixo, mas recomenda aos profissionais de saúde que fiquem atentos e perguntem às pessoas que apresentarem sintomas se elas foram vacinadas, especialmente com a vacina da Pfizer”, diz o trecho da nota.

Em março deste ano, a agência publicou uma atualização deste texto, em que reforça a confiança nos imunizantes. “É importante destacar o benefício e a proteção das vacinas contra Covid-19, uma vez que a taxa de miocardite associada à própria doença é de 30 casos por milhão para a população em geral”.

Checagem similar foi produzida por Aos Fatos e UOL Confere.

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