O que o protagonismo feminino em épocas de crise pode nos dizer?

Publicado originalmente em Brasil de Fato Vittória Paz. Para acessar, clique aqui.

Essas formas de atuação política podem ser um pontapé para outros tipos de geração de autonomia feminina

A pandemia da covid-19, que teve início em março de 2020, aprofundou e expôs a situação social e econômica do país. Sob o governo de Bolsonaro desde 2019, a população pobre se encontrava a cada dia mais descoberta pelo Estado, com o enfraquecimento de políticas públicas, aumento da fome e da população em situação de vulnerabilidade social.

Os dados desse período são chocantes de se ler, mas, caminhar pelos centros urbanos é algo ainda mais alarmante. Foi nesse cenário, então, que movimentos sociais, partidos, ONGs e demais organizações de esquerda começaram a organizar e fortalecer campanhas de solidariedade, cozinhas populares, entre outras atitudes ao redor do Brasil, e as mulheres mostraram uma força e autonomia já antes muito vista.

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Em Pernambuco foi criada a campanha Mãos Solidárias – que contribuiu na formação da rede Periferia Viva -, pelo MST, Levante Popular da Juventude, Movimento Brasil Popular, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE), a Arquidiocese de Recife e Olinda, entre outros movimentos ao longo do caminho, além, claro, da sociedade civil por meio de voluntariado e doações.

A partir dessa campanha surgiu o curso de Agentes Populares de Saúde, com o intuito de levar informações e proteção a população de alguns bairros da periferia da RMR, os Bancos Populares de Alimentos, que recebiam sempre doação de frutas e verduras advindas dos das áreas do MST, e as Cozinhas Populares dentro dos territórios e também uma cozinha central, localizada no Armazém do Campo, no bairro de Santo Antônio, que atendia a população em situação de vulnerabilidade – que aumentava a cada dia nos bairros centrais da área.

Em meio a todas essas ações, o que chama a atenção é a quantidade de mulheres que tomam a frente dentro dos seus bairros e comunidades. E por quê isso? Historicamente, é notável que em momentos de crise, as mulheres são aquelas que sentem mais rapidamente e com maior intensidade as consequências dentro dos lares. Nos anos 1970, durante a Ditadura Militar, foi criado o Movimento do Custo de Vida, encabeçado por mulheres que viam todas as consequências da alta inflação no seu dia a dia a cada vez que faziam a feira e que preparavam uma refeição para suas famílias.


Campanha Mãos Solidárias na distribuição marmitas para os moradores das comunidades no Recife / Mãos Solidárias

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