Publicado originalmente em *Desinformante por Matheus Soares. Para acessar, clique aqui.
No início de abril, o Twitter alterou silenciosamente sua política contra conteúdo de ódio, removendo, pela primeira vez, as proteções estabelecidas desde 2018 para conter ataques online a usuários transgêneros. A medida vem num momento em que pesquisadores apontam crescimento de discursos odiosos e ataques a populações historicamente oprimidas.
Como mostrou a Glaad, a Aliança Gay e Lésbica Contra Difamação, desde o dia 8 de abril a plataforma excluiu a frase que condenava o uso incorreto de gênero e do nome de nascimento de pessoas transgêneras da seção que proíbe ataques de calúnia e desumanização de usuários.
A empresa manteve no texto a proibição de ataques com base em orientação sexual, gênero e identidade de gênero. Mesmo assim, a retirada da frase sobre uso de pronome e nome de nascimento foi feita sem nenhum posicionamento público, logo após a promessa de “uma nova era de transparência”, o que gerou desconfiança por parte da comunidade LGBTQIAP+.
A diretora executiva da Glaad, Sarah Kate Ellis, afirmou que a ação é o exemplo de como o Twitter é inseguro para pessoas e anunciantes trans, distanciando-se cada vez mais das grandes empresas, como TikTok e Meta, que possuem resguardos de proteção específicos à comunidade transgênera nas suas diretrizes de comunidade.
“Essa decisão de reverter a segurança LGBTQ coloca o Twitter ainda mais fora de sintonia com TikTok, Pinterest e Meta, que mantêm políticas semelhantes para proteger seus usuários transgêneros em um momento em que a retórica anti-transgênero online está levando à discriminação e violência no mundo real”, disse Sarah.
No Brasil, a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) também se posicionou contra a decisão do Twitter. “Os impactos dessa mudança no país que mais assassina pessoas trans do mundo pode ter consequências devastadoras”, trouxe em comunicado.