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Conforme o IPAM, Roraima concentra 57% de toda a área queimada no mês passado no Brasil. Confira os dados do Monitor do Fogo divulgados nesta segunda-feira (13).
Incêndio no entorno do Parque Nacional da Serra da Mocidade, sul de Roraima, 2015. Foto Romerio Briglia.
Sabe o “cheiro de fumaça” e aquela “fuligem misteriosa” que invadem sua residência e tornam (principalmente as noites) mais difícil de suportar no “verão” de Roraima?! Tais “sensações” são consequência de algo já corriqueiro – mas ambientalmente nefasto – no Estado: os “incêndios inclementes causados por mãos humanas”, como definiu o pesquisador do ICMBio, (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade) Romerio Briglia, em suas redes sociais.
“Quase 100% (ou 100%) desses incêndios são antrópicos – causados pelo homem – e não só afetam a fauna e os solos, mas também destroem sonhos – Romerio Briglia (pesquisador do ICMBio – RR).
Roraima foi o estado que mais queimou em fevereiro de 2023, com 141 mil hectares atingidos pelo fogo, ou 57% de toda a área queimada no mês no país. Os municípios mais afetados foram Pacaraima, Amajari e Normandia. É o que mostram os dados divulgados nesta segunda-feira (13) pelo Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Roraima concentrou 57% de toda a área queimada no mês de fevereiro no Brasil. Fonte: IPAM.
“O padrão de área queimada em Roraima pode estar relacionado a características climáticas e ambientais únicas do estado. Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Dessa forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”- Luiz Felipe Martenexen (pesquisador no IPAM e no Monitor do Fogo).
Em comparação com janeiro, o fogo em Roraima teve uma alta de 19% em fevereiro. Vegetações campestres nativas, como os lavrados, correspondem a quase tudo, 98%, do que foi queimado no estado no último mês.
“Os campos desempenham um papel fundamental na manutenção dos ciclos naturais essenciais para a vida, como o do carbono e do nitrogênio, além de contribuírem para a absorção e distribuição de água pelo solo. Por essa relação interdependente e complementar, medidas de proteção da biodiversidade devem considerar ecossistemas como um todo para serem efetivas”, comenta Vera Laisa Arruda, pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo.
Margem direita do Igarapé Murupu em 11 de março de 2023, município deBoa Vista – RR. Fotos: Romerio Briglia.
Ao todo, 239 mil hectares foram queimados no Brasil em fevereiro, uma área 16% menor do que a registrada no mesmo mês de 2022. A Amazônia foi o bioma mais atingido, com 230 mil hectares, ou 90% da área queimada no país no mês. Vegetações campestres nativas foram as mais afetadas pelo fogo também no cenário nacional, representando 56% de tudo o que queimou.
Fonte: IPAM.