Em quatro anos de Bolsonaro, multas na Amazônia caem 38% e desmatamento sobe 60%

Publicado originalmente em Fakebook.eco. Para acessar, clique aqui.

Mesmo com queda da taxa no último ano, mandato atual teve o maior aumento da devastação desde o início das medições por satélite; número de autos do Ibama na Amazônia é o menor em duas décadas

O aumento de 59,5% do desmatamento na Amazônia nos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro coincide com uma queda de 38% das multas aplicadas pelo Ibama por crimes contra a flora na comparação com o mesmo período anterior à atual gestão (2015-2018).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quarta-feira (30/11) a estimativa da taxa de desmatamento na Amazônia para o ano de ano de 2022: 11.568 km2, área equivalente à do Catar. Apesar da queda de 11% em relação a 2021, é a segunda maior taxa em 13 anos.

A média anual sob Bolsonaro foi de 11.396 km2, contra 7.145 mil km2 no período anterior. Em quatro anos foram derrubados 45.586 km2 na Amazônia, área correspondente à do Estado do Rio de Janeiro.

A alta de 59,5% é a maior num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988. Bolsonaro superou até mesmo o aumento ocorrido no primeiro governo FHC, quando o forte aquecimento da economia no início do Plano Real causou o maior desmatamento da série histórica, de 29 mil km2, em 1995.

Já as multas por crimes contra a flora na Amazônia caíram 38%: de uma média anual de 5.069 nos governos de Temer e Dilma Roussef (segundo mandato) para 3.146 na gestão Bolsonaro. Uma das promessas de campanha do atual presidente foi justamente acabar com o que ele chamava de “festa” ou “indústria” das multas ambientais.

A queda do desmatamento em 2022 foi acompanhada de uma alta dos autos de infração em relação a 2021, mas o nível atual (3.776) ainda é inferior ao de 2018 (4.247), último ano do governo Temer. A média de multas do governo Bolsonaro na Amazônia é a mais baixa das últimas duas décadas.

Os números de autos aplicados foram obtidos no portal de Dados Abertos do Ibama. Há grande discrepância em relação aos números apresentados na área de Consulta Pública do mesmo site. Os dois bancos de dados estão com problemas na disponibilização de informações desde o fim de 2019, quando o então ministro Ricardo Salles alterou o sistema de cobrança de multas ambientais.

Na seção de consulta pública, os autos por crimes contra a flora no último período Prodes (agosto de 2021 a julho de 2022), intervalo usado pelo Inpe para calcular a taxa de desmatamento de 2022, totalizavam 2.909. Já nos dados abertos o total era de 3.776. Este número, mais conservador, foi o que se usou nesta análise. Apesar do número maior, a queda no mandato de Bolsonaro chegou a 38%.

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