Três profissionais da saúde “caíram mortos” depois de tomarem a vacina contra a Covid-19?

Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Márcio Granez. Para acessar, clique aqui.

A informação, que consta em site de conteúdo religioso, lança suspeitas sobre a vacina da Pfizer na Itália sem apresentar qualquer prova

O site Sinais do Reino, de conteúdo religioso, está disseminando a informação de que na Itália três profissionais da saúde morreram depois de tomar a vacina da Pfizer contra o novo coronavírus. O texto completo está aqui. A mensagem chegou ao NUJOC por sugestão do aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz, disponível para iOS e Android.

O relato é curto e impreciso: o texto informa que um auxiliar técnico da área médica, uma enfermeira e uma farmacêutica teriam morrido alguns dias após a imunização. Além desses três, a mensagem faz menção a um quarto evento de morte por ataque cardíaco nas mesmas circunstâncias.

Sem levantar detalhes, a mensagem deixa no ar a suspeita de que não seriam apenas coincidências, e que as mortes seriam de fato consequência da vacina: “Estudos demonstraram que as vacinas para o coronavírus são conhecidas por causar ataques cardíacos em animais, razão pela qual, até agora, nenhuma dessas vacinas foi aprovada por nenhum governo como segura para uso em humanos”.

Ao contrário do que diz a mensagem, não há estudos demonstrando que as vacinas causem ataque cardíaco em animais, e as vacinas têm sido aprovadas por governos do mundo inteiro, que já começaram a imunizar a população. Também não há relação comprovada de causa e efeito entre a vacina da Pfizer e as mortes na Itália. Um fato ter acontecido após outro fato não significa que o segundo derive do primeiro. Há vários casos de reações adversas ou morte de pessoas que estavam sendo testadas sem qualquer relação com a imunização, alguns deles já conhecidos do público brasileiro.


Notícia sobre mortes na Itália: sem relação comprovada com a vacina. Imagem: Captura de tela do site Notícias do Reino

Em 10 de novembro de 2020, surgiu a suspeita de que um voluntário teria morrido em testes da Coronavac por causa da vacina. Na verdade, o voluntário morreu em decorrência de suicídio. Confira a história aqui no cobertura feita pelo G1.

Sensacionalismo – O site brasileiro que hospeda a mensagem reproduziu o que foi publicado no Secondo Piano News, site italiano dedicado à cobertura do noticiário policial e político. Ao checarmos o referido site, é possível verificar que se trata de um exemplo de imprensa que dedica generoso espaço para a disseminação de desinformação sobre a Covid-19. Ele apresenta pelo menos duas seções voltadas para a veiculação de histórias baseadas em suposições e cheias de teorias conspiratórias sobre a pandemia. Confira aqui.

Artigos publicados no site: desinformação e teorias conspiratórias. Imagem: Captura de tela/Secondo Piano

Realizamos uma varredura nos sites de internet em italiano com palavras-chaves tiradas do texto da mensagem, e até o momento não há qualquer indício que comprove a suspeita levantada pela mensagem do Secondo Piano News.

As vacinas que estão sendo usadas para imunizar a população passam por rigorosos processos de produção e controle de qualidade. E mesmo depois de aprovadas para uso emergencial elas continuam sendo monitoradas em sua eficácia, conforme explica o médico Esper Kallás, neste artigo aqui, para o jornal Folha de S.Paulo.

Vigilância – Se há um lado positivo nessa história, ele pode ser justamente demonstrar a vigilância das redes sociais e da imprensa – mesmo a imprensa com viés sensacionalista – sobre os possíveis efeitos adversos das vacinas no médio e longo prazo. Dito isso, é falso que as mortes relatadas pelo Secondo Piano News e reproduzidas no site Sinais do Reino tenham alguma relação com a vacina da Pfizer.

O NUJOC já verificou outras mensagens sobre os efeitos das vacinas, como você pode conferir navegando pelo nosso site.

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