Quais gritos serão ouvidos no 7 de Setembro da polarização política brasileira?

Publicado originalmente em Âncora dos Fatos. Para acessar, clique aqui.

Em 7 de setembro de 1822, o “grito do Ipiranga” ecoou às margens do riacho de mesmo nome, e através da voz de Dom Pedro, oficializou a independência e o rompimento total entre o Brasil e Portugal. Desde então, a data ocupa os livros escolares e registros da história como um dos momentos de maior civismo e símbolo do patriotismo brasileiro.

7 de Setembro independência do Brasil

Há quase 200 anos, o 7 de Setembro deixa agora as páginas dos livros e comemorações cívicas escolares para ocupar as ruas de um Brasil polarizado politicamente. Nesse Dia da Independência, em 2021, o lazer do feriado saiu do foco e os brasileiros passaram a se manifestar nas redes sociais em preparativos para as manifestações de rua.

O eco da “Independência ou Morte” ficou para trás. Mas, aos moldes dos dramas ‘shakespearianos’, o presidente do Brasil do século XXI deixou avisado que tem três opções no futuro: “ser preso, morrer ou a vitória”. A declaração de cunho emocional se deve aos episódios em que questiona o sistema eleitoral brasileiro, o coloca em “xeque” para as eleições de 2022, e incentiva os apoiadores a defender a sua tese.

Polarização incentivada

Incentivo à polarização. Essa é a palavra de ordem, o grito de guerra do presidente Jair Messias Bolsonaro aos bolsonaristas. No dia 3 de setembro, ele disse que as manifestações de seus apoiadores no dia 7 de setembro serão “ultimato” para dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

7 de Setembro manifestações
Foto: Hamilton Ferra / Poder 360

A bandeira do Brasil se dividiu. Rachada ao meio, suas cores já não são apenas o verde e amarelo, abriu-se caminho para o brasileiro colori-la conforme os tons de suas necessidades, vulnerabilidades e visões de vida. Nas redes sociais, nos últimos dias, foram levantadas bandeiras virtuais de um país que grita ao mesmo tempo por causas diversas, cada uma sob o olhar pessoal ideológico e político. “Fora STF”, “Fora Bolsonaro”, “Ditadura nunca mais”, “Brasil acima de tudo”, “Eu autorizo Bolsonaro”, “Pela Nossa liberdade”, “Apoio ao STF”, “Bolsonaro golpista”. Tudo junto e misturado.

Enxurrada de notícias falsas

Nas mesmas redes que mobilizam multidões, a enxurrada de notícias falsas acende o alerta dos perigos de tal polarização.

O 7 de Setembro mais comentado da história nos últimos anos traz como consequência a desinformação em massa e com isso, a perda do senso crítico por conta própria. Por dias, o que se viu na internet foram mentiras de que “A Justiça havia mandado bloquear o WhatsApp para evitar as manifestações”, ou que “A PRF proibiria caminhoneiros de ir até Brasília” e que “Marca de leite proíbe o uso da bandeira do Brasil em caminhões”, por exemplo. O 7 de setembro brasileiro dividiu-se e resumiu-se entre os pró e os contra Bolsonaro.

Em meio a uma pandemia de Covid-19, a qual já vitimou mais de 584 mil pessoas, os gritos que deveriam ser por políticas públicas são substituídos por um fanatismo político-partidário e por que não religioso de grupos distintos.

7 de Setembro manifestações
Foto: Reprodução Twitter

Gritos de Independência

“Tenho fome”, “Estou desempregado”, “Minha família morreu de Covid-19”, “A vacina demorou”, “A inflação está nas alturas”, “Não tenho onde morar”.

Serão esses os gritos pela Independência do Brasil de 2021?

Se em 1822, a história “omitiu” que o verdadeiro ato da independência foi assinado por uma mulher (princesa Leopoldina), que nesse ano, a omissão não seja cegada por um país de brasileiros que passam fome, têm sede, vivem nas bolhas da desinformação, mas que colocam acima de si mesmo um fanatismo político enraizado.

Que a busca por essa “Independência” seja mais que tudo pela Independência de pensamento, de opinião, de amarras políticas e de vestes partidárias. Independência não é apenas uma palavra a ser gritada durante uma data, mas uma luta constante no dia a dia. Homens, mulheres, brancos, negros, indígenas, pobres, para os que estão às margens da sociedade. A luta pela Independência não começa e nunca terminou aqui.

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