Grávidas e as novas vacinas contra COVID-19

Publicado originalmente COVID-19 DivulgAÇÃO Científica. Para acessar, clique aqui.

O Brasil ainda não tem uma vacina aprovada para imunização em massa contra o novo coronavírus, mas os boatos já se espalham: recentemente, mensagens no WhatsApp vêm disseminando que as vacinas farão mal aos fetos cujas mães forem imunizadas durante a gestação. Não há estudos que indiquem efeito prejudicial da aplicação das vacinas contra a COVID-19 em grávidas. Porém, fique de olho: também não há, ainda, estudos que comprovem sua segurança neste grupo.

O motivo é simples: entre as vacinas em estágios mais avançados dos ensaios clínicos, isto é, dos testes em seres humanos, nenhuma incluiu mulheres grávidas entre suas voluntárias. “Nenhuma das três empresas – Pfizer, Moderna e AstraZeneca – inscreveu grávidas ou mulheres que estão amamentando em seus ensaios clínicos”, conta a gerente do Programa de Vacinas Virais de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Elena Caride. “Portanto, atualmente, não há dados suficientes sobre como a vacina afetaria as mulheres grávidas”.

Como consequência, gestantes e lactantes, em um primeiro momento, provavelmente serão excluídas dos grupos que receberão as vacinas.

Gestantes e ensaios clínicos de vacinas

A exclusão das gestantes dos ensaios clínicos para as novas vacinas contra a COVID-19 não é excepcional. De uma forma geral, este é um grupo que fica de fora dos testes iniciais de novos imunizantes e medicamentos – essencialmente, porque, quando uma mulher grávida participa de um teste, seu bebê participa também; logo, são duas vidas em jogo.

Assim, é normal aguardar até a conclusão dos primeiros ensaios clínicos e que se tenha mais certeza da eficácia e segurança de novas vacinas antes de testá-las em mulheres grávidas. Outros grupos que costumam ficar para uma segunda etapa de testes são crianças e imunodeprimidos.

Como saberemos, então, se as novas vacinas são seguras durante a gestação? Entra em ação a farmacovigilância, com o objetivo de descobrir se, entre as voluntárias dos ensaios clínicos, houve gestantes vacinadas inadvertidamente, antes de saberem que estavam grávidas, ou que engravidaram entre uma dose e outra da vacina.

Quando há casos assim – o que geralmente acontece, pois são milhares de mulheres participando dos testes –, as novas gestantes são acompanhadas até o final da gestação, explica a vice-presidente do Instituto de Vacinas Sabin (EUA), Denise Garret. Os bebês recém-nascidos também são observados de perto. “A partir da disponibilização desses dados, são desenhados ensaios clínicos específicos para gestantes”, conta a especialista.

Riscos da COVID-19 durante a gravidez

Com a perspectiva da vacinação um pouco mais distante, gestantes precisam redobrar os cuidados preventivos, como distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos. “A gestante deve ser poupada e se poupar de aglomeração”, defende a infectologista infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Ela ressalta, ainda, que publicações científicas recentes indicam que mulheres grávidas que contraem a COVID-19 internam mais do que as não gestantes, ou seja, as grávidas têm quadros mais graves da doença. “Proporcionalmente, elas também precisam mais de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) e de ventilação mecânica (respiradores) do que as outras mulheres”, completa. A COVID-19 também está associada ao parto prematuro.

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