Enchentes serão mais comuns à medida que as mudanças climáticas pioram

Publicado originalmente em ANDA News por Tainá Fonseca. Para acessar, clique aqui.

Enchentes como a que foi vista em Londres neste final de semana vão se tornar mais comuns à medida que a crise climática piora, cientistas avisaram, e o governo do Reino Unido, empresas e famílias precisam fazer muito mais para os proteger contra futuros problemas.

Dra Jess Neumann, hidróloga da Universidade de Reading, afirmou: “Enchentes causadas por chuvas de verão intensas vão acontecer frequentemente. Nenhuma cidade ou município está imune à enchentes e todos nós precisamos fazer algo imediatamente se queremos prevenir uma piora futuramente.”

A política climática no Reino Unido tem focado em diminuir as emissões de gases do efeito estufa, o que é a principal preocupação, para reduzir o impacto humano no clima e garantir que o aquecimento global não atinja níveis catastróficos. Mas o governo também tem sido avisado constantemente que medidas para lidar com os impactos do clima são urgentemente necessárias, e que o Reino Unido tem falhado em cumprir essas medidas.

A adaptação aos impactos requer uma revisão detalhada da infraestrutura da nação, englobando não apenas os sistemas de drenagem e fornecimento de água, e transporte, para garantir que eles não estejam sobrecarregados, como vários em Londres estiveram no fim de semana, mas também as redes de fornecimento de energia e telecomunicação.

Prédios deverão ser redesenhados e áreas públicas renovadas para incluir canais de drenagem e bueiros, enquanto medidas mais inovadoras podem incluir pavimento permeável. A falta de espaços verdes e vegetação e a pavimentação das áreas sem preocupação com o risco de inundação, agravou o problema em várias cidades, incluindo Londres, e também deve ser tratado, especialistas avisaram.

Neumann disse: “O planejamento e desenvolvimento precisam considerar o risco de enchente de todas as fontes – rios, águas subterrâneas e enchentes – e se adaptar de acordo. Não é aceitável continuar pavimentando a terra e esperar que o público lide com a água quando ela entrar em suas casas.”

Um dos problemas é que a responsabilidade da prevenção de enchentes no Reino Unido é dividida entre autoridades, com pouca supervisão. Liz Stephens, professora associada da resiliência do clima na Universidade de Reading, afirmou: “O Reino Unido ainda tem papéis e responsabilidades complicadas com o risco de inundação de águas superficiais. Autoridades de enchentes locais tomam para si essa responsabilidade, a Agência de Meio Ambiente mapeia, e o Met Office alerta sobre o risco de enchente. Isso dificulta a compreensão do público do risco que eles sofrem, assim como o que podem fazer.”

Ela disse que havia ainda uma precariedade de informações básicas, causado por um negaceio em investir em pesquisas mais detalhadas. “Os mapas dos perigos das enchentes de águas superficiais do Reino Unido não melhoraram desde 2013. Isso precisa urgentemente de uma atualização. A precisão atual desses mapas reflete uma escolha de investimento e não o que é possível fazer com uma ciência de última geração,” ela afirmou.

“É difícil ajudar pessoas a se prepararem para enchentes se elas não sabem que estão em perigo, ainda mais se elas não recebem avisos precisos dos impactos prováveis das chuvas fortes.”

O comitê legislativo avisou esse ano que o governo não estava fazendo o suficiente para prevenir danos causados pelas enchentes, e disse que a assembleia e as autoridades locais precisam de muito mais ajuda, incluindo mais dinheiro.

Meg Hillier, diretora do comitê e deputada de Londres, disse ao The Guardian que as enchentes do fim de semana destacavam a inatividade do governo. “Essa última enchente salienta as preocupações do comitê sobre os recursos disponíveis para enchente, as quais vêm se tornando mais frequentes,” ela disse. “As enchentes causadas por chuvas torrenciais causam destruição para os afetados e, no entanto, a falta de recursos para os conselhos, a qual é a culpada pela mitigação das enchentes urbanas, está dificultando a resposta que as empresas e as famílias precisam desesperadamente.”

Darren Rodwell, porta-voz ambiental da Associação de Governo Local, a qual representa a assembleia, ecoou seu chamado: “Assembleia são o melhor lugar para garantir que o dinheiro das enchentes seja direcionado para projetos que refletem as necessidades locais, incluindo proteger rodovias e pontes importantes para manter a movimentação de moradores e negócios. Fundos para defesa de enchentes devem ser devolvidos para as áreas locais e estar dentro de um novo quadro nacional para enfrentar a emergência climática.”

Sadiq Khan, prefeito de Londres, afirmou que seus poderes estavam limitados na defesa de enchentes, mas que ele estava lidando urgentemente com Thames Water sobre o problema. “Nós estamos vendo um aumento nos incidentes de climas extremos ligados às mudanças climáticas,” ele disse. “Essa não é a primeira vez nas semanas recentes que Londres foi atingida por grandes enchentes. Apesar de ter poderes limitados na área, essa é minha principal prioridade e do conselho de Londres que mais seja feito para enfrentar as enchentes e outros impactos das mudanças climáticas. Isso inclui continuar a instar a Thames Water a abordar questões na infraestrutura que podem exacerbar o impacto das enchentes.”

Seguradoras são umas das que mais se preocupam com os impactos do aquecimento global, e avisaram às famílias e empresários do Reino Unido em algumas áreas que não estarão seguros se não forem tomadas mais energéticas.

Adam Winslow, chefe executivo da Seguradora Aviva General, afirmou: “Está muito tarde para impedir que os efeitos das mudanças climáticas aconteçam, porém podemos reduzir os impactos que eles terão em nossas vidas. São necessárias ações para melhorar a regulamentação de como as propriedades são construídas, encorajar o uso de materiais resistentes, e considerar soluções inovadoras e naturais para as mudanças climáticas.”

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