Com desmatamento, Amazônia perde sua capacidade de absorver carbono

Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.

Highlights

  • Pesquisa analisou absorção de carbono de localidades da Amazônia com diferentes taxas de desmatamento
  • Emissão de carbono foi dez vezes maior em áreas com mais de 30% de desmatamento
  • Apenas 18% das emissões por queimada estão sendo absorvidas pela floresta

O desmatamento diminuiu a capacidade da floresta Amazônica de absorver gás carbônico da atmosfera, a transformando em uma fonte de carbono. As áreas do bioma com mais de 30% de desmatamento apresentaram uma emissão de carbono dez vezes maior do que regiões com desmatamento inferior a 20%. Os dados são de estudo liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicado na quinta (15) na revista britânica “Nature”.

Os pesquisadores recolheram em torno de 8 mil amostras em mais de 600 voos em nove anos de estudo em quatro localidades da Amazônia, que representam cada região da floresta. Nas áreas estudadas foram encontradas diferentes taxas de desmatamento. As regiões mais desmatadas, com uma taxa de mais de 30% de desmatamento, apresentaram uma estação seca mais estressante para a floresta: mais seca, mais quente e mais longa.

De 2010 a 2018, a Amazônia brasileira, território de 4.2 milhões de quilômetros quadrados, foi responsável por lançar 1.06 bilhões de toneladas de CO2 para a atmosfera por ano em queimadas.  O balanço de carbono, ou seja, o saldo final entre absorções e emissões foi de 0,87 bilhões de toneladas por ano, o que significa que apenas 18% das emissões por queimada estão sendo absorvidas pela floresta. Com isso, a pesquisa aponta que, sem queimadas, a Amazônia brasileira retiraria da atmosfera 0,19 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

A maior emissão de carbono acontece na localidade leste, nos estados do Pará e Mato Grosso, e ocorre por causa da grande quantidade de queimadas e de menor absorção de CO2 pela própria floresta. “Durante os meses de agosto, setembro e outubro a redução de chuva é muito acentuada nestas regiões, aumentando a temperatura em mais de 2˚C, além da duração da estação seca estar maior. Esta condição promove um aumento da inflamabilidade da floresta e da mortalidade das arvores, que são típicas de uma floresta tropical úmida”, explica a pesquisadora Luciana Gatti, uma das autoras do estudo.

A região do sul do Pará e norte do Mato Grosso apresentou o pior cenário. Além de apresentar as maiores extensões de área queimada, nesta área a floresta já é uma fonte de carbono significativa, com emissões para a atmosfera que crescem ano a ano. “Esta região da Amazônia é a que mais gera preocupação, pois a degradação é extrema, agravando a crise de mortalidade das arvores”, comenta Gatti.

O desmatamento também altera a condição climática na Amazônia, afetando também a capacidade da floresta não desmatada de absorver carbono – além de aumentar sua inflamabilidade. Por isso, Giatti é categórica ao afirmar que a redução de emissões de carbono da floresta passa por uma estratégia de combate ao desmatamento e queimadas. “Com isso, contribuiríamos também para um aumento da chuva e redução da temperatura na região, formando um ciclo positivo que também afeta o restante do Brasil, a América do Sul e o planeta”.

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