Analisando a universidade e a comunicação pública

Publicado originalmente em Jornal da Universidade por Observatório da Comunicação Pública. Para acessar, clique aqui.

Crítica | Em coluna mensal, Observatório de Comunicação Pública passa a avaliar a produção jornalística do JU e seu papel na Universidade

Um Observatório pode ser uma instância estratégica de comunicação que analisa a relação entre a universidade e seus públicos e entre a universidade e a sociedade, através de suas mídias e dispositivos de informação. Com este objetivo pretendemos contribuir com o JU. Contribuir com a qualidade de comunicação da UFRGS com seus públicos.

Observatório de Comunicação Pública (PPGCOM/UFRGS) vem realizando um trabalho que o caracteriza como mídia de interesse público, orientado pela hipótese de que a comunicação pública é indicador de qualidade da democracia. Assim, cabe registrar, novamente e sempre, a importância e o poder da universidade pública para o fortalecimento da democracia, na medida em que o conhecimento científico gerado na universidade pode ser promovido, popularizado e compartilhado.

Nessa pandemia, a universidade ampliou sua visibilidade e sua participação social diante da necessidade de contribuirmos para o combate contra a covid-19 e de participarmos de um debate internacional vinculado à ciência. Professores e pesquisadores de todas as áreas do conhecimento ocuparam espaço nas mídias e redes digitais e falaram a milhares de pessoas.  A responsabilidade da universidade veio à tona e num processo singular, próprio da comunicação pública, contribuiu decisivamente para a vida das pessoas e das instituições.   

Comunicação Pública é um conceito que abrange o debate público, a comunicação das instituições, as relações destas com a sociedade e é inerente às democracias. A pandemia, entendida como um acontecimento público, exigiu estratégias e comunicação para que as radicais mudanças políticas, sociais, econômicas, sanitárias e educacionais vivenciadas, individual e coletivamente, pudessem ser compreendidas. Guardadas as devidas proporções, a comunicação pública se tornou tão importante quanto a vacina. Procedimentos necessários à proteção individual e coletiva, assim como a responsabilidade sobre regulação e investimentos hospitalares e de pesquisa precisavam ser realizados e comunicados.

Sob a perspectiva pública da comunicação podemos analisar o comportamento de países, instituições e governantes, de universidades e centros de pesquisa, da imprensa e das mídias digitais. Por exemplo, a crise mundial provocada pela infecção viral da covid-19 expôs de vários modos a importância política, social e científica da comunicação e esta, por isso, tornou-se um dos temas centrais em textos e campanhas que preencheram espaços no Observatório de Comunicação Pública.

Essas mudanças permitem ratificar que a comunicação da UFRGS é de interesse público e seu papel na pandemia indica que pode ser ampliada através da abordagem de temas e de relações com seus públicos, imprensa, instituições e a sociedade em geral. A comunicação pública vem sendo exercida pelo JU.

Observar o exercício da comunicação pública das instituições, de meios públicos de comunicação e disponibilizar a produção científica vinculada é o trabalho do OBCOMP. Vinculado ao grupo de pesquisa Núcleo de Comunicação Pública e Política (CNPq/ PPGCOM/FABICO/UFRGS), O Obcomp comemorou cinco anos de atividades em meio à pandemia. Mantido por pesquisadores, professores, mestrandos, doutorandos e bolsistas de iniciação científica, se caracteriza como espaço acadêmico de pesquisa, veiculação de notícias, de críticas e é, também, importante repositório da produção científica em comunicação pública e política.

Ações culturais, políticas e governamentais relacionados ao interesse público são noticiadas periodicamente e mantidas disponíveis, somadas a centenas de referências da produção científica (livros, artigos, teses e dissertações) sobre temas  de comunicação pública, comunicação política, comunicação de estado e governamental, democracia digital, opinião pública, mobilização social, universidade. Relacionados a essas temáticas, o repositório abriga dados e informações sobre grupos de pesquisa, observatóriosassociações, federaçõesmídias públicas, sistemas de comunicação ligadas aos poderes executivos, legislativos e judiciários brasileiros. Reúne também a legislação referente ao direito à Comunicação e à radiodifusão pública brasileira, além da memória de eventos científicos e campanhas de publicidade institucional.

Como registrado em seu recente editorial, “quem mantém vivo o Obcomp acredita e defende princípios e direitos de igualdade, de liberdade de expressão” e defende, principalmente “a educação como a única instituição capaz de dar autonomia a brasileiras e brasileiros, na construção de um país melhor e mais igualitário”. Nessa direção, devemos acreditar e defender a importância da Universidade na produção e debate sobre saberes, assim como a sua responsabilidade em compartilhá-los, em comunicar. O Obcomp, assim como JU, são exemplos de comunicação pública, própria de universidades públicas, ao divulgar temas de relevância científica e social, assim como manter e ampliar o debate sobre temas complexos e polêmicos do campo político, ambiental, comportamental dentre outros. A universidade pública é o espaço republicano onde cabem todas as descobertas e opiniões e assim pode ser ampliado.


Maria Helena Weber é professora e orientadora junto ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFRGS. É pesquisadora bolsista CNPq 1 e coordenadora do Núcleo de Comunicação Pública e Política e do Observatório de Comunicação Pública. É doutora em Comunicação (UFRJ), mestre em Sociologia e bacharel em Comunicação (UFRGS). Também é escritora

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