Acorda, Pedrinho! No Dia da Liberdade de Imprensa, Bolsonaro é condenado a indenizar jornalistas por danos morais

Publicado originalmente em Âncora dos Fatos. Para acessar, clique aqui.

No dia em que se celebra a Liberdade de Imprensa no Brasil, a Justiça de São Paulo condenou o presidente Jair Bolsonaro a pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais coletivos a jornalistas. Isso porque em 2021, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo entrou com uma Ação Civil Pública pedindo à Justiça que o presidente não fizesse mais manifestações com “ofensa, deslegitimação ou desqualificação à profissão de jornalista ou à pessoa física dos profissionais de imprensa, bem como de vazar/divulgar quaisquer dados pessoais de jornalistas”, além de uma indenização de R$ 100 mil, em favor do Instituto Vladimir Herzog.

Coincidência ou não, nesse 7 de junho da era bolsonarista, em que a geração tik tok clama pelo “acorda Pedrinho”, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma liminar do ministro Kassio Nunes Marques, e manteve a cassação do deputado paranaense Fernando Francischini.

O político, que foi acusado de nas eleições de 2018 ter espalhado notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, continua inelegível e perdeu o mandato em outubro de 2021.LEIA TAMBÉM:  Por que a compra do Twitter por Elon Musk pode contribuir com a desinformação?

Nesse mesmo Dia da Liberdade de Imprensa, Bolsonaro condenou a decisão do STF contra o deputado Francischini e disse que “o STF atenta contra a liberdade de expressão”.

Relatório liberdade de imprensa

Seriam dois pesos e duas medidas? Aquele que intimida, ataca e tenta censurar o jornalismo profissional, agora confunde “desinformação” com “liberdade de expressão”?

Em um relatório de 2021, a Federal Nacional dos Jornalistas (FENAJ) já apontava o presidente Bolsonaro como um dos maiores vilões do jornalismo profissional e da liberdade de imprensa no Brasil. Segundo o relatório, em 2021 foram contabilizados 430 casos de violência contra os profissionais da área.

A pesquisa aponta que a censura é, atualmente, o tipo de violência mais comum sofrido pelos jornalistas. Foram registradas 140 ocorrências, representando 32,56% do total de casos, enquanto a descredibilização da imprensa – que chegou a liderar a lista em levantamentos anteriores respondeu por 30,46% foram 131 ocorrências no total.

O presidente Jair Bolsonaro é o principal agressor dos jornalistas. Sozinho, ele é responsável por 175 dos registros de violência, ou seja, 40,89% do total de 428 casos computados pela Federação. Foram 145 ataques genéricos, direcionados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta aos profissionais, uma ameaça à Globo e dois ataques à Fenaj.LEIA TAMBÉM:  Em fala descontextualizada, Bolsonaro erra ao dizer que concedeu auxílio emergencial de R$ 800 dólares

Pois bem. R$ 100 mil reais é pouco, ou melhor, não vale nada. Isso se colocar no papel os danos morais, físicos e mentais a que os jornalistas convivem diariamente. Se em 1964, no período da Ditadura Militar, os jornalistas eram obrigados a publicar receitas de bolo no lugar em que as matérias jornalísticas eram censuradas, em 2022, a censura brasileira vem através de um “cala boca”, numa ameaça e numa agressão verbal a “la Jair Bolsonaro”. Quem, diga-se de passagem, deveria zelar pelo trabalho jornalístico amparado pela Constituição brasileira.

Manifesto pela liberdade de imprensa

Em 1977, cerca de três mil jornalistas assinaram um manifesto pela liberdade de imprensa, em plena Ditadura, durante o governo do general Ernesto Geisel e publicaram um comunicado no boletim da ABI com o seguinte título: “Vamos nos dar as mãos na luta pela Democracia”.

Nesse ano, para lembrar o Dia da Liberdade de Imprensa, o consórcio nacional de veículos de imprensa lançou uma campanha em defesa ao jornalismo profissional. Todos os jornais impressos e sites do consórcio trouxeram um anúncio de página inteira e uma tarja preta no alto de suas capas, com o texto “Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Uma campanha em defesa do jornalismo profissional”.

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